Pressuposição em clivadas interrogativas básicas

Resumo

Há duas hipóteses na literatura linguística sobre o tipo de pressuposição expressa em sentenças clivadas, se apenas pressuposição de existência ou pressuposição de unicidade/exaustividade (cf. BÜRING; KRIŽ, 2013; POLLARD; YASAVUL, 2016; MENUZZI, 2018), mas os trabalhos sobre o tema focam nas clivadas do tipo declarativo. Neste squib, mostro que o português brasileiro (PB) possui clivadas básicas interrogativas, tanto interrogativas polares quanto interrogativas QU (que não devem ser confundidas com as interrogativas QU que e QU é que) (cf. CAVALCANTE, 2019), e levanto a questão sobre o que tais dados podem dizer sobre o tipo de pressuposição nas construções de clivagem. Mostro que essas interrogativas trazem evidências contraditórias quanto à pressuposição. As clivadas polares, diferentemente das polares não clivadas, têm pressuposição existencial e também parecem ter interpretação de exaustividade, mas aceitam o teste de acréscimo do advérbio somente (cf. MENUZZI, 2018), o que seria incompatível com a pressuposição de exaustividade. Já as perguntas QU clivadas não diferem das perguntas QU não clivadas: ambas têm pressuposição existencial e interpretação exaustiva. Tais dados trazem dificuldade adicional para as análises quanto ao tipo de pressuposição expressa em sentenças clivadas.