Censura e diputa pela interpretação

notas para estudo do cancioneiro de Gonzagiunha

Autores

  • Luís Dadalti UFJF
  • Alexandre Faria

DOI:

https://doi.org/10.26512/cerrados.v34i67.56996

Palavras-chave:

Gonzaguinha, Ironia, Cancioneiro

Resumo

O cenário da música popular brasileira das décadas de 1960/70 trouxe a público uma série de compositores que conseguiram dispor de uma articulação lírica tal, que o campo dos Estudos Literários, a partir de então, se viu disposto a levar cada vez mais seu instrumental teórico para investigar a canção como objeto de estudo. Diante da ditadura militar vigente no período, a ironia se mostrou uma ferramenta de grande importância para esses compositores, que fizeram amplo uso dela como forma de contornar as imposições vindas do departamento de censura. Gonzaguinha, nesse contexto, se mostrou um músico particularmente interessado nesse recurso estilístico, chegando inclusive a atrelá-lo a sua persona musical. Assim, pelo instrumental apresentado pela linguista canadense Linda Hutcheon sobre o tema da ironia e da paródia, busca-se compreender de que maneira os pontos de partida e chegada do discurso irônico foram trabalhados pelo compositor dentro do panorama geral da música popular brasileira, enfatizando-se, para tal, o conceito de “comunidade linguística” e as implicações dessa forma de organização quando apresentadas em relação ao meio de reprodução de mídia, e sua circulação social.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARAÚJO, Paulo César. Eu não sou cachorro, não: música popular cafona e ditadura militar. Rio de Janeiro: Record, 2002.

AZEVEDO, Geraldo. Geraldo Azevedo. Som livre, 1977.

CAMPOS, Augusto de. Balanço da bossa e outras bossas. São Paulo: Perspectiva, 1968.

HOLLANDA, Chico Buarque de. Quando o carnaval chegar. Philips, 1972.

FARIA, Alexandre. “A presença da canção na literatura Brasileira”. In: Roniere Menezes. (Org.). Na literatura, as canções. Uberlândia: O sexo da palavra, 2020, v. 1, p. 19-48.

GONZAGUINHA. Luiz Gonzaga Jr. EMI/Odeon, 1973.

HUTCHEON, Linda. Irony’s Edge: the theory and politics of irony. New York: Routledge, 2005.

HUTCHEON, Linda. A theory of parody: the teachings of twentieth-century art forms. Illinois: University of Illinois, 2000.

MPB4. Palhaços e reis. Philips, 1974.

O pêndulo e seus alvos preferidos. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 1976, n° 111, 28 de julho. 1976. Caderno B, p. 1.

RIDENTI, Marcelo. Em busca do povo brasileiro: artistas da revolução, do CPC à era da tv. Rio de Janeiro: Record. 2000.

SANT’ANNA. Música popular e moderna poesia brasileira. Petrópolis: Vozes, 1978.

UMA entrevista mais maior de grande com Gonzaguinha, Pasquim, Rio de Janeiro, n°621, 27 de maio. 1981. P. 13-15.

SILVEIRA, Emilia. O modo livre e comprometido de cantar, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, n°169, 24 de setembro. 1975. Caderno B, p. 5.

SOARES, Elza. Planeta fome. Deckmusic, 2019.

VASCONCELOS, Gilberto. Música Popular: de olho na fresta. Rio de Janeiro: Graal, 1976.

WISNIK, José Miguel. Plano de voo, Movimento, Rio de Janeiro, 1975, n° 13, 9 de setembro. 1975. P. 20-21.

Downloads

Publicado

30-04-2025

Como Citar

Dadalti, L., & Faria, A. (2025). Censura e diputa pela interpretação: notas para estudo do cancioneiro de Gonzagiunha. Revista Cerrados, 34(67), 204–211. https://doi.org/10.26512/cerrados.v34i67.56996

Artigos Semelhantes

1 2 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.