Bioeconomia e mudanças climáticas: experiências de cooperativas agroextrativistas na Amazônia brasileira
DOI:
https://doi.org/10.18472/SustDeb.v15n2.2024.54143Palavras-chave:
Sociobiodiversidade, Cooperativismo, Agroextrativistas, AmazôniaResumo
No atual contexto em que o debate sobre bioeconomia ganha espaço no cenário nacional, agroextrativistas organizados em cooperativas ganham notoriedade e adentram novos mercados. Diante disso, o presente artigo tem o objetivo de analisar as experiências da Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativistas de Lago do Junco (Coppalj), no Maranhão, da Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre) e da Cooperativa Agroextrativista dos Produtores Rurais do Vale do Rio Iaco (Cooperiaco), no Acre. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, na qual foram realizadas entrevistas semiestruturadas e abertas, somadas à análise documental. Por meio da organização cooperativa e do reconhecimento da importância das práticas tradicionais para a manutenção da floresta, os agroextrativistas conseguiram dinamizar a sua produção e acessar novos mercados, além de gerar ganhos por serviços ambientais. Concluímos que a formulação de políticas públicas e tomadas de decisões acerca da bioeconomia da sociobiodiversidade devem considerar os agroextrativistas e a importância dos seus modos de vida para a conservação da floresta amazônica.
Downloads
Referências
ALMEIDA, M. W. B. de. As reservas extrativistas e a conservação da floresta. In: CUNHA, M. C. da; MAGALHÃES, S.; ADAMS, C. (org.). Povos tradicionais e biodiversidade no Brasil: contribuições dos povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais para a biodiversidade, políticas e ameaças. Seção 5. São Paulo: SBPC, 2021.
APPOLINÁRIO, F. Metodologia da ciência: filosofia e prática da pesquisa. 2nd ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
BALÉE, W.; SCHAAN, D. P. Florestas antropogênicas e biodiversidade. In: CUNHA, M. C. da; MAGALHÃES, S.; ADAMS, C. (org.). Povos tradicionais e biodiversidade no Brasil: contribuições dos povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais para a biodiversidade, políticas e ameaças. Seção 6. São Paulo: SBPC, 2021.
BOLTANSKI, L.; ESQUERRE, A. L’économie de l’enrichissement et ses effets sociaux. Teoria política. Nuova serie Annali, v. 6, 2016. Available at: http://journals.openedition.org/tp/682. Access at: feb. 2023
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Plano de Ação para a Neoindustrialização 2024-2026. Brasília: CNDI, MDIC, 2024.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007. Brasília: MMA/Casa Civil, 2007.
CALEGARE, M. G. A.; HIGUCHI, M. I. G.; BRUNO, A. C. dos S. Povos e comunidades tradicionais: das áreas protegidas à visibilidade política de grupos sociais portadores de identidade étnica e coletiva¹. Ambiente & Sociedade, v. 17, p. 115-134, 2014.
CARTA DA AMAZÔNIA. Aos participantes da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26) - Encontro Amazônico da Sociobiodiversidade, out. 2021. Available at: https://s3.amazonaws.com/appforest_uf/f1635878454366x123986991266021200/CARTA%20DA%20AMAZ%C3%94NIA%202021_COP%2026_PORT.pdf. Access at: 20 jan. 2023.
COSTA, F. de A.; CIASCA, B. S.; CASTRO, E. C. C.; BARREIROS, R. M. M.; FOLHES, R.; BERGAMINI, L. L.; SOLYNO SOBRINHO, A.; CRUZ, A.; COSTA, A.; SIMÕES, J.; ALMEIDA, J. S.; SOUZA, H. M. Bioeconomia da sociobiodiversidade no estado do Pará. Brasília: Sumário Executivo, DF: The Nature Conservancy (TNC Brasil), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Natura, 2021.
CUNHA, M. C. da; ALMEIDA, M. W. B. de. Populações Indígenas, Povos Tradicionais e Preservação da Amazônia. In: CAPOBIANCO, J. P. R. et al. (Org.). Biodiversidade na Amazônia Brasileira. Avaliação e Ações Prioritárias para a conservação, Uso Sustentável e repartição de Benefícios. São Paulo: Instituto Socioambiental e Estação Liberdade, 2001.
DOBLAS, J.; OVIEDO, A. Efetividade dos territórios tradicionalmente ocupados na manutenção da cobertura vegetal natural no Brasil. In: CUNHA, M. C. da; MAGALHÃES, S.; ADAMS, C. (org.). Povos tradicionais e biodiversidade no Brasil: contribuições dos povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais para a biodiversidade, políticas e ameaças. Seção 5. São Paulo: SBPC, 2021.
EMBRAPA. Pagamento por serviços ambientais impulsiona desenvolvimento sustentável na Amazônia.2023. Available at: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/85847387/pagamento-por-servicosambientais-impulsiona-desenvolvimento-sustentavel-na-amazonia. Access at: 23 may 2023.
EULER, A. M. C.; AUBERTIN, C.; CIALDELLA, N. A sociobiodiversidade amazônica em busca de mercados internacionais. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023013, 2023.
FITTIPALDY, M. C. P. de M.; CASTELO, C. E. F. Há boi pastando: um retrato da Resex Chico Mendes no estado do Acre. UÁQUIRI – Revista do Programa de Pós-graduação em Geografia da Ufac, v. 5, n. 2, p. 48-68, 2023. Available at:https://periodicos.ufac.br/index.php/Uaquiri/article/view/6889. Access at: 20 nov. 2023.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2005.
HARVEY, D. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablume, 2005.
LIMA, J. V. R. B. C.; CARVALHO, A. D. A. A Construção Social do Mercado Fair Trade no Brasil e no Mundo. Latitude, Maceió, v. 14, n. 1, p.136-161, 2020.
LÖHER, E. Franciscanos no Maranhão e Piauí (1952-2007). Teresina: Halley, 2009.
MAY, P. Palmeiras em chamas: transformação agrária e justiça social na zona do babaçu. São Luís: Emapa/Finep/Fundação Ford, 1990.
MICHELAT, G. Sobre a utilização de entrevista não diretiva em sociologia. In: THIOLLENT, M. Crítica metodológica, investigação social e enquete operária. 5th ed. São Paulo: Polis, 1987
MICHELOTTI, F. Beneficiamento local da produção extrativista e agroflorestal: o caso da Cooperativa Agroextrativista de Xapuri – Caex. Novos Cadernos NAEA, v. 3, n. 2, p. 17-44, 2000.
MONTEIRO, M. N. de C.; SALGUERO, M.; COSTA, R. T. da; GONZALEZ, R. B. Os alimentos orgânicos e a percepção de seus atributos por parte dos consumidores. In: SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO FEA-USP, 7., 2004, São Paulo. Anais [...] São Paulo: USP, 2004. Available at: http://www.ead.fea.usp.br/Semead/7semead/paginas/artigos%20recebidos/marketing/MKT08. Access at: 15 sept. 2023.
NASCIMENTO, A. S. Ação coletiva e meios de vida: análise das transformações operadas pela Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativistas de Lago do Junco (Coppalj) em comunidades do Médio Mearim, MA. Dissertação. Programa de Pós-graduação em Agriculturas Amazônicas, Universidade Federal do Pará, Belém, 2021.
NUNES, G. M. Gestão das cooperativas agroextrativistas na regional do Vale do Acre: bases para planejar o desenvolvimento local. 175 p. Dissertação. (Mestrado em Desenvolvimento Regional) – Universidade Federal do Acre, Rio Branco, 2008.
PAULA, E. A. de. O movimento sindical dos trabalhadores rurais e a luta pela terra no Acre: conquistas e retrocessos. Revista Nera, v. 7, n. 5, aug.-dec., p. 86-101, 2004.
PAULA, E. A. de. Seringueiros e sindicatos: um povo de floresta em busca de liberdade. Rio Branco: Nepan Editora, 2016.
PEREIRA, A. C. F. Polanyi e a economia social e solidária: contributos para respostas aos problemas sociais atuais. Dissertação. (Mestrado em Economia Social e Solidária) – Instituto Universitário de Lisboa, 2016.
PILNIK, M. S.; MACHADO, C. C. de; FOWLER, L.; VILLA, B. M.; RIBEIRO, R. G.; MING, L. C. Conservação da sociobiodiversidade na Resex Chico Mendes, Acre: desafios e perspectivas. Ethnoscientia, v. 7, n. 1, p. 109-134, 2022. Available at: https://periodicos.ufpa.br/index.php/ethnoscientia/article/view/11046. Access at: 20 sept. 2023.
PINTO, T. P. P.; VARGAS, D.; LIMA, C. Z. de; GUERRA, D. Bioeconomia brasileira: a promoção de uma nova vantagem comparativa. Mercados & Negócios. Agroanalysis, p. 14-15, sept. 2023.
PONTE, K. F. da. Reserva Extrativista Chico Mendes no Estado do Acre: territorialidade seringueira e conquista da autonomia? In: PONTE, K. F. da.; MORAIS, M. de J. (Org.). Produção do espaço e ambiente nas fronteiras da Amazônia Sul Ocidental. Curitiba: CRV, 2020.
PONTE, K. F. da. O desenvolvimento sustentável e o controle social da natureza e do trabalho: um estudo a partir da fábrica de preservativos masculinos de Xapuri. 2014. Tese. (Doutorado em Geografia) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Presidente Prudente, 2014.
PORRO, R. A economia invisível do babaçu e sua importância para meios de vida em comunidades agroextrativistas. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas. Belém, v. 14, n. 1, p. 169-188, jan.-apr. 2019.
PORRO, R.; PORRO, N. Sakiara Miyasaka. Identidade social, conhecimento local e manejo adaptativo de comunidades tradicionais em babaçuais no Maranhão. Ambiente & Sociedade. São Paulo, v. 18, n. 1, p. 1-20 n jan.-mar. 2015.
PORTO-GONÇALVES, C. W. Amazônia, Amazônias. São Paulo: Contexto, 2001.
PORTO-GONÇALVES, C. W. A globalização da natureza e a natureza da globalização. 9. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2023.
RAMCILOVIC-SUOMINEN, S.; KRÖGER, M.; DRESSLER, W. From pro-growth and planetary limits to degrowth and decoloniality: an emerging bioeconomy policy and research agenda. Forest Policy and Economics, v. 144, 102819, 2022.
RANZI, C. M. D. Raízes do Acre. Rio Branco: Adufac, 2008.
REYMÃO, A. E. N.; KOURY, S. E. C. Mudanças climáticas, bioeconomia e trabalho decente na Amazônia. Jus Scriptum’s International Journal of Law, [s. l.], v. 8, n. 3-4, p. 69-106, 2023.
SILVA, S. S. Resistência camponesa e desenvolvimento agrário na Amazônia acreana. 496 p. Tese. (Doutorado em Geografia) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Presidente Prudente, 2005.
SOUSA, I. L. de; VIANA, J. V.; FIGUEIREDO, L. D.; MIRANDA, V. Construindo uma alternativa de cooperativismo nas regiões de babaçuais. In: ALMEIDA, A. W.; SILVA, M. H. P. S. (Org.). Caderno Tempos Novos. São Luís: CPT, p. 162-169, 1998.
VECCHIONE-GONÇALVES, M. Financiando a Amazônia: do piloto de proteção nos anos 90 à bioeconomia descarbonizada do terceiro milênio. In: MIOLA, I. Z.; JUNQUEIRA, G. de O.; COUTINHO, D. R.; PROL, F. M.;
VECCHIONE-GONÇALVES, M.; FERRANDO, T. Finanças Verdes no Brasil: perspectivas multidisciplinares sobre o financiamento da transição verde. Blucher Open Access, 2022. p. 85-110
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Sustainability in Debate
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
A submissão de trabalho(s) científico(s) original(is) pelos autores, na qualidade de titulares do direito de autor do(s) texto(s) enviado(s) ao periódico, nos termos da Lei 9.610/98, implica na cessão de direitos autorais de publicação impressa e/ou digital à Revista Sustentabilidade em Debate do(s) artigo(s) aprovado(s) para fins da publicação, em um único número da Revista, autorizando-se, ainda, que o(s) trabalho(s) científico(s) aprovado(s) seja(m) divulgado(s) gratuitamente, sem qualquer tipo de ressarcimento a título de direitos autorais, por meio do site da Revista, para fins de leitura, impressão e/ou download do arquivo do texto, a partir da data de aceitação para fins de publicação. Portanto, os autores ao procederem a submissão do(s) artigo(s) Revista, e, por conseguinte, a cessão gratuita dos direitos autorais relacionados ao trabalho científico enviado, têm plena ciência de que não serão remunerados pela publicação do(s) artigo(s) no periódico.
A Revista encontra-se licenciada sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações (Proibição de Realização de Obras Derivadas) 3.0 Brasil, para fins de difusão do conhecimento científico, conforme indicado no sítio da publicação, que permite o compartilhamento do texto e o reconhecimento de sua autoria e publicação original nesta revista.
Os autores têm permissão para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva dos trabalhos publicados na Revista Sustentabilidade em Debate (por exemplo, em um capítulo de livro), desde que seja assinalado que os textos foram originalmente publicados nesta revista e que seja mencionado o DOI correspondente. Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir o seu texto online, após a publicação (por exemplo, em repositórios institucionais ou nas suas páginas pessoais).
Os autores declaram expressamente concordar com os termos da presente Declaração de Direito Autoral, que se aplicará a submissão caso seja publicada por esta Revista.