Aspectos culturais para adaptação aos impactos das mudanças climáticas nos Serviços Ecossistêmicos em um estudo de caso da Amazônia Central
DOI:
https://doi.org/10.18472/SustDeb.v14n2.2023.45461Palavras-chave:
mudanças climáticas, serviços ecossistêmicos culturais, estratégias adaptativas, cidades periurbanas, comunidades resilientesResumo
A adaptação climática tende a enfrentar resistências ou produzir efeitos adversos, se for testada apenas nos modelos científicos generalistas, ignorando seus efeitos na cultura, valores e visões de mundo das comunidades locais. Este artigo investiga como a mudança climática tem ameaçado a subsistência e as dimensões culturais das comunidades periurbanas na Amazônia Central. A análise é baseada na teoria cultural do risco na adaptação climática e suas relações com os serviços ecossistêmicos (SE) locais. Neste estudo de caso, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com moradores de três cidades da Área Metropolitana de Manaus-Brasil. Devido à sua dieta ser fortemente baseada em alimentos nativos, os resultados mostram como as comunidades amazônicas estão adaptando seus hábitos alimentares em resposta às mudanças climáticas e ambientais ao declínio no ES na categoria de segurança alimentar (ou seja, na classe de abastecimento ES). Além disso, esses serviços têm valor cultural relevante (ou seja, serviços culturais). A redução do ES influencia as estratégias de adaptação em meio ao desmonte das atuais políticas ambientais. Com isso, essas comunidades passaram a adotar modos de produção e consumo industrializados, como a adoção de produtos derivados da pecuária, cuja produção é a principal causadora das emissões de gases de efeito estufa no Brasil. Portanto, o caso estudado demonstra como a adaptação climática pode pressionar e corroer as culturas locais, quando estas seguem a lógica da urbanização globalizada.
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