O plano municipal de convivência com o Semiárido como instrumento discursivo:
um estudo de caso no sertão de Pernambuco, Brasil
DOI :
https://doi.org/10.18472/SustDeb.v7n0.2016.18787Mots-clés :
Convivência com o Semiárido, Estado, Políticas públicas, Sociedade civil, Serra TalhadaRésumé
O objetivo deste artigo é refletir sobre o processo de legitimação do paradigma da convivência com o semiárido por meio da análise da construção de um Plano Municipal de Convivência, no município de Serra Talhada (Sertão de Pernambuco), em 2014. O exercício metodológico privilegiou a observação de eventos, a análise de documentos e entrevistas com atores diversos, que acessavam a temática da convivência no seu campo de atuação. Os resultados demonstraram que o discurso da convivência é enunciado pelo protagonismo da sociedade civil, mas na prática experimenta uma confluência perversa com o Estado, reduzindo princípios de transformação social à reprodução de velhas práticas de combate à seca. A configuração de um Plano Municipal parece funcionar como instrumento discursivo para legitimar as ações do Estado, em torno de um paradigma que nada mais é do que um projeto político de modernização para o semiárido.
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