Análise da ordem constitutiva da determinação socioambiental do benzenismo em trabalhadores:

revisitando o caso de Cubatão, SP, Brasil

Autores

  • Lia Giraldo da Silva Augusto Instituto Aggeu Magalhães/Fundação Oswaldo Cruz, Recife, PE, Brasil.
  • Aline do Monte Gurgel Instituto Aggeu Magalhães/Fundação Oswaldo Cruz, Recife, PE, Brasil.
  • Adriana Guerra Campos Secretaria de estado da Saúde de Pernambuco, Recife, PE, Brasil.
  • Rejane Maria de Santana Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região, Recife, PE, Brasil.
  • Idê Gomes Dantas Gurgel Instituto Aggeu Magalhães/Fundação Oswaldo Cruz, Recife, PE, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.18472/SustDeb.v9n1.2018.27012

Palavras-chave:

Benzeno, Determinação Socioambiental, Vulnerabilidades Socioambientais, Saúde do Trabalhador, Saber Operário, Abordagem Sistêmica

Resumo

Cubatão é marcada pela instalação de empresas de transformação com grande potencial poluidor e de impacto negativo na saúde dos trabalhadores e da população nas décadas de 1950, 1960 e 1970. Objetivou-se apresentar uma análise das intervenções e estudos realizados nas décadas de 1980 e 1990 mediante participação dos trabalhadores afetados e do Sindicato dos Metalúrgicos de Santos-SP. Para estudar os efeitos do benzeno na saúde, foi necessário na época fazer pesquisas que partiram das queixas clínicas dos trabalhadores expostos ao benzeno contido no gás de coqueria em indústria siderúrgica na cidade de Cubatão-SP. Entre as pesquisas realizadas destaca-se um estudo de coorte, de sete anos, composto por trabalhadores dessa empresa, que apresentavam benzenismo, que compreendeu análise histológica da medula óssea e da evolução clínica ante a necessidade de garantias previdenciárias. Foram revisitados os resultados das diversas repercussões políticas e sociais decorrentes desse processo do qual a pesquisa citada era parte. Foi discutido o caráter integrado e participativo da abordagem com base no conceito de determinação socioambiental da saúde conforme distintos autores do campo da Epidemiologia Social. As principais repercussões do estudo foram: integração biológico-social para definição de indicadores; ampliação da vigilância em saúde do trabalhador com atuação intersetorial; mudanças na legislação e no processo de produção; compreensão da determinação social do benzenismo; incorporação do benzenismo na vigilância da saúde em nível nacional e mediante comissão nacional tripartite.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Lia Giraldo da Silva Augusto, Instituto Aggeu Magalhães/Fundação Oswaldo Cruz, Recife, PE, Brasil.

Possui graduação em Medicina pela Universidade de São Paulo (1974), mestrado em Clínica Médica pela Universidade Estadual de Campinas (1991) e doutorado em Ciências Médicas pela Universidade Estadual de Campinas (1995). Atualmente é professor visitante sem vinculo - Universidad Andina Simón Bolívar Quito, Pesquisador Titular aposentada da Fiocruz, professor adjunto Aposentada da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco .Tem experiência na área de Saúde Coletiva, com ênfase em Saúde Coletiva, atuando principalmente nos seguintes temas: saúde ambiental, abordagem ecossistêmica, ambiente, saúde ambiental e agrotóxicos.

Aline do Monte Gurgel, Instituto Aggeu Magalhães/Fundação Oswaldo Cruz, Recife, PE, Brasil.

Biossegurança, Centro de pesquisas Aggeu Magalhães, Instituto Aggeu Magalhães/Fundação Oswaldo Cruz, Recife, PE, Brasil.

Adriana Guerra Campos, Secretaria de estado da Saúde de Pernambuco, Recife, PE, Brasil.

Coordenação do Programa de Saúde do Trabalhador, Secretaria de estado da Saúde de Pernambuco, Recife, PE, Brasil.

Rejane Maria de Santana, Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região, Recife, PE, Brasil.

Técnica pesquisadora, Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região, Recife, PE, Brasil.

Idê Gomes Dantas Gurgel, Instituto Aggeu Magalhães/Fundação Oswaldo Cruz, Recife, PE, Brasil.

Departamento de Saúde Coletiva, Instituto Aggeu Magalhães/Fundação Oswaldo Cruz, Recife, PE, Brasil.

Referências

ARCURI, A. S. A.; FREITAS, N. B. B. Valor de Referência Tecnológico (VRT) ”“ a nova abordagem do controle da concentração de benzeno nos ambientes de trabalho. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 24, n. 89/90, p. 71-85, 1997.
Disponível em:
<http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=260720&indexSearch=ID>. Acesso em: 4 set. 2017.

ASOCIACIÓN LATINOAMERICANA DE MEDICINA SOCIAL. Asociación Latinoamericana de Medicina Social - Quienes somos. Disponível em: <http://www.alames.org/>. Acesso em: 4 set. 2017.

AUGUSTO, L. G. S. Benzenismo em trabalhadores do parque industrial de Cubatão: causas e providências. Boletim da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. IX, p. 106-108, 1987.

AUGUSTO, L. G. S. Benzolismo em uma siderúrgica. SOS. Saúde Ocupacional e Seguranca, v. 10, p. 153-187, 1984. Disponível em: <http://biblat.unam.mx/ca/revista/sos-saude-ocupacional-e-seguranca/articulo/benzolismo-em-uma-siderurgica>. Acesso em: 4 set. 2017.

AUGUSTO, L. G. S. Estudo longitudinal e morfológico (medula óssea) em pacientes com neutropenia secundária à exposiçäo ocupacional crônica ao benzeno. 1991. s.n., Campinas-SP, 1991. Disponível em: <http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=104076&indexSearch=ID>. Acesso em: 4 set. 2017.

AUGUSTO, L. G. S. Exposição ao benzeno em misturas aromáticas: uma história modelo. In: AUGUSTO, L. G. D. S. (Org.). Saúde do Trabalhador e a Sustentabilidade do Desenvolvimento Humano Local: ensaios em Pernambuco. Recife: Editora Universitária. UFPE, 2009. p. 354.

AUGUSTO, L. G. S. Exposição ocupacional e organoclorados em indústria química de Cubatão - Estado de São Paulo: avaliação do efeito clastogênico pelo teste de Micronúcleos. 1995. 192 f. [s.n.], Campinas, 1995. Disponível em: <http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/308627>. Acesso em: 4 set. 2017.

AUGUSTO, L. G. S. et al. Morphologie des knochenmarks bei chronischer Intoxikation durch benzol und seine homologen. Vehr Dtsch. Ges. Path., v. 76, n. 1, p. 526-530, 1992.

AUGUSTO, L. G. S. et al. Socio-medical Intervention in Occupational Health: benzenism in Brazil. International Journal of Occupational and Environmental Health, v. 5, n. 1, p. 20-25, 19 jan. 1999.

AUGUSTO, L. G. S. et al. Vigilância Epidemiológica de Doenças Ocupacionais. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 54, p. 185-186, 1986. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/267152725_Vigilancia_Epidemiologica_de_Doencas_Ocupacionais>. Acesso em: 4 set. 2017.

AUGUSTO, L. G. S.; NOVAES, T. C. P. Ação médico-social no caso do benzenismo em Cubatão, São Paulo: uma abordagem interdisciplinar. Cadernos de Saúde Pública, v. 15, n. 4, p. 729-738, out. 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1999000400007&lng=pt&tlng=pt>. Acesso em: 4 set. 2017.

AUGUSTO, L. G. S.; VIGORITTO, A. C.; SOUZA, C. A. Alterações histológicas da medula óssea secundárias à exposição ao benzeno e à evolução hematológica do sangue periférico em pacientes acometidos. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 78, n. 21, p. 85-92, 1993. Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/arquivos/rbso/Artigos 78/V21 n78-09.pdf>. Acesso em: 4 set. 2017.

BAPTISTA, T. W. F. História das políticas de saúde no Brasil: a trajetória do direito à saúde. In: MATTA, G. C.; PONTES, A. L. M. (Org.). Políticas de saúde: organização e operacionalização do Sistema Único de Saúde. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fundação Oswaldo Cruz, 2007. p. 29-60.

BENTO, M. A. S.; AUGUSTO, L. G. S. Insalubridade no trabalho, meio ambiente e raça. O Caso das siderúrgicas. São Paulo: Centro de Estudos das Relações do Trabalho e Desigualdades, 1997.

BERLINGUER, G. A saúde nas fábricas. Tradução: Hanna A. Rothschild e José Rubem A. Bonfim. São Paulo: Cebes-Hucitel, 1983.

BERTUSSI, C. L. Forte, Preto e Burro: condição necessária para o trabalho em coqueria. 1982. 130 f. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1982.

BREILH, J. Una perspectiva emancipadora de la investigación e incidencia basada en la determinación social de la salud. In: EIBENSCHUTZ, C.; TAMEZ, S.; GONZÁLEZ, R. (Org.). ¿ Determinación social o determinantes sociales de la salud? México: [s.n.], 2011. p. 45-69.

CAMPOS, A. G. A atividade do frentista diante do perigo da exposição ao benzeno. 2017. Instituto Aggeu Magalhães, Recife, 2017.

CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES. Operação Caça Benzeno (1991). Vídeo. Disponível em: <http://nucleopiratininga.org.br/a-maldicao-do-benzeno/>. Acesso em: 10 dez. 2017.

COMISSÃO NACIONAL PERMANENTE DO BENZENO. Bancada dos Trabalhadores. Benzeno não é flor que se cheire. 2016. Disponível em: <https://www.cnpbz.com.br/single-post/2014/05/01/As-Eleições-no-México-Estão-Chegando>. Acesso em: 2 nov. 2017.
CORREÌ‚A, M. J. M. A construção social do silêncio epidemiológico do benzenismo: uma história negada. Dissertação (Mestrado) ”“ Faculdade de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. 2008.
COSTA, D. F. Prevenção da exposição ao benzeno no Brasil. 2009. 179 f. Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5144/tde-25092009-135349/>. Acesso em: 5 set. 2017.

DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTUDOS E PESQUISAS DE SAÚDE E AMBIENTE DE TRABALHO. Diesat | O que é? Disponível em: <http://diesat.org.br/o-que-e/>. Acesso em: 5 set. 2017.

DIDERICHSEN, F. et al. Health Inequality ”“ determinants and policies. Scandinavian Journal of Public Health, v. 40, n. 8_suppl, p. 12-105, 12 nov. 2012. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23147863>. Acesso em: 5 set. 2017.

ESCOREL, S. Reviravolta na saúde: origem e articulação do movimento sanitário. Rio de Janeiro: Escorel, Sarah, 1999. Disponível em: <http://static.scielo.org/scielobooks/qxhc3/pdf/escorel-9788575413616.pdf>. Acesso em: 5 set. 2017.

FARIA, M. A. M. Projeto Saúde e Trabalho Industrial. Relatório Finep. São Paulo: [s.n.], 1985.

FARIA, M. A. M. et al. Saúde e Trabalho: acidentes de trabalho em Cubatão. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 11, n. 42, p. 07-22, 1983. Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/arquivos/rbso/Artigos 42/V11 n42-02.pdf>. Acesso em: 4 set. 2017.

FARIA, M. A. M. et al. Saúde e Trabalho Industrial: valores hematológicos de trabalhadores residentes no polo sidero-petroquímico de Cubatão ”“ SP. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 15, n. 60, p. 17-29, 1987. Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/arquivos/rbso/Artigos 60/V15 n60-04.pdf>. Acesso em: 4 set. 2017.

GOMES, J. C. Complexo de Cubatão é sinônimo de injustiça ambiental e degradação. Disponível em: <http://riosvivos.org.br/a/Noticia/Complexo+de+Cubatao+e+sinonimo+de+injustica+ambiental+e+degradacao/3072>. Acesso em: 30 ago. 2017.

JACOBINA, A. T. O movimento da Reforma Sanitária Brasileira e sua relação com os partidos políticos de matriz marxista. 2016. 217 f. Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016. Disponível em: <https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/21624>. Acesso em: 4 set. 2017.

MACHADO, J. M. H. et al. Alternativas e processos de vigilância em saúde do trabalhador relacionados à exposição ao benzeno no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 8, n. 4, p. 913-921, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232003000400014&lng=pt&tlng=pt>. Acesso em: 4 set. 2017.

NOVAES, T. C. P. Bases metodológicas para abordagem da exposição ocupacional ao benzeno. 1992. 105 f. Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1992. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/46/46133/tde-01042014-110746/>. Acesso em: 4 set. 2017.

RUIZ, M. A. Estudo morfológico de medula óssea em pacientes neutropênicos da indústria siderúrgica de Cubatão, Estado de São Paulo. 1989. 90 f. [s.n.], Campinas, 1989. Disponível em: <http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/308624>. Acesso em: 4 set. 2017.

SAMAJA, J. A reprodução social e a saúde: elementos teóricos e metodológicos sobre a questão das relações entre saúde e condições de vida. Salvador: Ed. ISCUFBA: Casa da Saúde, 2000.

SÃO PAULO. Resolução CREMESP no 76, de 2 de julho de 1996. Diário Oficial do Estado. Poder Executivo, São Paulo, SP, n. 134, 16 jul. 1996. Seção 1. Brasil: [s.n.]. Disponível em: <http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/crmsp/resolucoes/1996/76_1996.htm>. Acesso em: 5 set. 2017.

Downloads

Publicado

2018-04-30

Como Citar

Augusto, L. G. da S., Gurgel, A. do M., Campos, A. G., Santana, R. M. de, & Gurgel, I. G. D. (2018). Análise da ordem constitutiva da determinação socioambiental do benzenismo em trabalhadores:: revisitando o caso de Cubatão, SP, Brasil. Sustainability in Debate, 9(1), 66–80. https://doi.org/10.18472/SustDeb.v9n1.2018.27012

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)