Transversalidades e afinidades eletivas na formação de elite científica no campo das mudanças climáticas
DOI:
https://doi.org/10.1590/s0102-6992-e47163Palavras-chave:
elites científicas, capital científico, mudanças climáticas, INPE.Resumo
O presente artigo pretende apontar as formas de reconversão das elites científicas que mais recentemente se ajustaram à nova agenda de pesquisa das mudanças climáticas. É possível perceber como a entrada da problemática das mudanças climáticas na política científica recente possibilitou um reordenamento de projetos e linhas de pesquisa no Brasil, favorecendo o estabelecimento de grupos científicos melhor adaptados à temática. O caso do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) permite identificar as afinidades eletivas entre elites da meteorologia e do clima à nova agenda científica. Foi feita uma prosopografia com os grupos em ascensão na área de estudos climáticos entre as décadas de 1990 e 2010, apontando os principais expoentes desses grupos de pesquisa e sua associação com projetos de pesquisa internacionais de mudanças climáticas. Ao final da discussão, percebe-se uma forte concentração de capital científico na área de mudanças climáticas e uma tendência a privilegiar grupos já consolidados e com alta internacionalização.
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