Pluralismo, neocorporativismo e o sindicalismo dos agricultores familiares no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/s0102-699220183301004

Palavras-chave:

sindicalismo, pluralismo sindical, agricultura familiar, Fetraf

Resumo

O objetivo do artigo é analisar o processo de formação da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) na área de atuação tradicional da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e a situação de pluralidade sindical gerada. O sindicalismo rural brasileiro foi criado na década de 1960 e, desde a sua formação, conviveu com uma tensão entre os diversos grupos sociais que formaram a categoria trabalhador rural. Nessa categoria foram enquadradas as categorias que viviam do trabalho, tais como assalariados, pequenos proprietários, posseiros, sem-terra. Desde o processo de redemocratização, este sistema de representação sindical foi questionado com a formação de diversos novos atores no campo. Porém, foi com a criação da Fetraf, em 2001, como órgão específico dos agricultores familiares, que passou a se formar uma situação de pluralismo sindical no campo. Esta situação tem gerado uma forte concorrência por legitimidade e por bases sindicais.

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Biografia do Autor

Everton Lazzaretti Picolotto, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Doutor em ciências sociais pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CPDA/ UFRRJ), professor do Departamento de Ciências Sociais e dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Sociais e Extensão Rural da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria (RS)

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Publicado

01-04-2018

Como Citar

Picolotto, E. L. (2018). Pluralismo, neocorporativismo e o sindicalismo dos agricultores familiares no Brasil. Sociedade E Estado, 33(01), 87–117. https://doi.org/10.1590/s0102-699220183301004

Edição

Seção

Artigos