Fronteiras Meridionais e Transfiguração Territorial: gênese e permanência do estigma de estrangeiros atribuído aos Guarani no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.21057/10.21057/repamv14n3.2020.34425Palavras-chave:
Guarani; Estrangeiros; Estados; Território; Direitos.Resumo
Através do presente artigo analisaremos historicamente como o Brasil imputou ao Guarani o estigma de estrangeiros. Constatamos que o emprego dessa categoria xenofóbica no século XX é acionado em momentos específicos, no geral quando os Guarani intensificam as ações pela garantia das terras. Porém, esse mesmo processo não é percebido com a mesma intensidade em outros casos de povos transfronteiriços. Constatamos que tanto os Guarani como o território ocupado por eles foram objeto de disputas geopolíticas coloniais entre as coroas Ibéricas, e entre colonos, mercenários paulistas e religiosos da Companhia de Jesus. Identificamos também que, durante o século XIX, o Brasil exalta o Guarani como herói fundador da nação, porém em sua versão passiva, subjugada e voluntariamente morta, para fazer emergir uma nova nação, branca e ocidental. Porém, esse lugar ocupado pelo Guarani vai aos poucos esmorecendo, em especial com a guerra da Tríplice Aliança, quando o Paraguai passa a ser identificado como a “Nação Guarani” e, com o fim da Guerra o Brasil abandona definitivamente o Guarani, seja no ideário seja no dever de proteger essa gente. O Guarani vai aparecer agora na literatura antropológica como o “índio integrado”. O movimento indianista também abandona o Guarani e passa a considerar o Tupi e sua antropofagia, a nova face de um Brasil moderno.
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