Lutando com o Arroz: construção do conhecimento agroecológico e resistência camponesa no Assentamento Filhos de Sepé em Viamão – RS.
DOI:
https://doi.org/10.33240/rba.v9i2.49713Palabras clave:
Arroz agroecológico, Assentamentos em unidades de proteção ambiental, reforma agrária, transição agroecológicaResumen
O processo de construção do conhecimento Agroecológico tem auxiliado a fortalecer a gestão da base de recursos de agricultores familiares criando sinergia entre diferentes formas de produção de conhecimento e dinâmicas sociais de desenvolvimento local. O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre como o processo de construção do conhecimento agroecológico das famílias Assentadas em Viamão dialoga com o processo de recampesinização proposta por Ploeg. O Assentamento existe desde 1998, no distrito de Águas Claras, município de Viamão, RS. Nele vivem 376 famílias, vindas de 115 municípios do estado e representando uma diversidade de experiências em relação à agricultura e às formas de produção e de tipos de cultivo. É o maior assentamento de reforma agrária no estado, com 9.450 hectares, dos quais 2.543,46 hectares são destinados ao Refúgio da Vida Silvestre Banhado dos Pachecos, o que condiciona as famílias a produzir de forma orgânica desde 2008 por uma portaria do Estado. Apesar dos desafios, atualmente o assentamento é reconhecido pela produção de arroz agroecológico. Foram entrevistadas nove famílias diretamente envolvidas com o plantio e os dados foram os analisados a luz das teorias utilizadas buscando identificar as percepções, os discursos e as práticas. Ainda que o processo de transição seja recente, pela narrativa das famílias é possível constatar que o envolvimento com a agricultura de base ecológica a tem se mostrando mais adequado para a condição camponesa em se encontram, permitindo a ampliação da autonomia e melhoria da qualidade de vida em vários contextos. Há um reconhecimento do Estado sobre a relevância da Agroecologia e da agricultura familiar, dedicando a estas políticas públicas específicas que facilitam os processos de transição e de inserção de produtos nos mercados. No entanto, a atuação do Estado no que diz respeito a leitura e aplicação da legislação ambiental, tem contribuído para a reprodução e ampliação de um contexto de restrição sobre o uso dos recursos, colocando em risco o trabalho e modo de vida das famílias. Apesar de haver posicionamentos divergentes, ainda que o engajamento das famílias na transição agroecológica tenha sido influenciado por uma imposição legal, a permanência tem sido uma escolha.Descargas
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