Imagens da Catástrofe
DOI:
https://doi.org/10.26512/rfmc.v9i3.42994Palabras clave:
Imagem. Fotografia. Holocausto. Auschwitz. Georges Didi-Huberman.Resumen
O artigo investiga a partir do livro “Imagens apesar de tudo”, de Georges Didi-Huberman, publicado originalmente em 2004, quatro fotografias remanescentes do Crematório V de Auschwitz-Birkenau, realizadas em agosto de 1944, pelo judeu grego Alberto Errera, membro do Sonderkommando. Destaca-se que é o seu gesto fotográfico investido do mais intenso sentido emocional (páthos) que atribui às suas imagens um caráter indicial que opera efetivamente como testemunho (superstes) permitindo imaginar o que é tido como “inimaginável” pelos “metafísicos do Holocausto”. Reagindo à tese da impossibilidade da representação das câmaras de gás, segundo a qual toda tentativa de configurá-las seria um falseamento do sofrimento por concessão à estetização, o artigo afirma que é preciso saber o que for possível, o que quer que seja sobre a dor que lá teve lugar. Evidencia-se, ainda, que são as “zonas de opacidade” das fotos de Alberto Errera que, ao veicularem o páthos, ativam a imaginação e forçam o pensamento do fruidor. É seu “desenquadramento” que, mobilizando o olhar sem parar, do ícone ao índice e deste àquele, não opera como interdição, mas, ao contrário, é o que dá a ver e saber algo mais sobre o que lá se deu. Por fim, conclui-se que o gesto de Alberto Errera transformou o “real histórico”, feito de horror e levante, em possibilidade de memória para o futuro, recorrendo tão somente a um resto de celuloide.
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