‘The Royal Road to the Colonial Unconscious’:
Psychoanalysis, Cannibalism, and the Libidinal Economy of Colonialism
DOI:
https://doi.org/10.26512/dasquestoes.v11i1.37262Palavras-chave:
Frantz Fanon, canibalismo, economia libidinal colonial, racismo, homossexualidadeResumo
Neste artigo, exploro a economia libidinal do colonialismo sob a perspectiva do canibalismo (como fantasia ocidental sobre o outro exótico e subumano). Para isso, sigo de perto as referências ao canibal no arsenal de tropos literários anticoloniais e em dois poemas de Oswald de Andrade e Aimé Césaire. Embora a identificação anticolonial com o canibal engendre o potencial de uma reapropriação ameaçadora do que foi roubado colonialmente, mostro que algo deixa de ser reconhecido nessa identificação melancólica. Em seguida, volto-me para o trabalho de Octave Mannoni, que vê o canibal como uma metáfora para o esmagador complexo de dependência do colonizado. Analisando a díade colonial sob a ótica dos complexos de personalidade, Mannoni fixa o colonizador e o colonizado em uma dinâmica de poder e, embora aborde a dimensão psicológica do colonialismo, a reduz ao nível de um conflito interpessoal. Finalmente, volto-me para a obra de Frantz Fanon para mostrar o que uma leitura psicanalítica da economia colonial libidinal pode oferecer: enfatizando as conotações sexuais encerradas na fantasia canibalística, Fanon expõe a visceralidade do racismo colonial como um desejo de devorar e aniquilar o colonizado. Na obra de Fanon, a psicanálise surge como uma ferramenta potente que expõe a dinâmica inconsciente das fantasias sexuadas e raciais e, como tal, parece ser indispensável para o pensamento decolonial.
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