Glides intervocálicos no português do Brasil: um caso de múltiplas representações subjacentes?

Autores

Palavras-chave:

glides epentéticos, silabificação, múltiplas representações subjacentes, português brasileiro, morfofonologia

Resumo

Neste trabalho, investigou-se a posição silábica a que se adjunge o glide inserido entre fronteiras morfológicas internas à palavra no português brasileiro, como em [‘fRejʊ] (categórico) e [pe’sowɐ] ~ [pe’soɐ] (variável). O objetivo era encontrar evidências experimentais para as propostas de motivação da inserção: se adjungido à segunda vogal (efeito da restrição Onset) ou à primeira (questões de proeminência). Foi aplicado um Teste de Inversão de Sílabas, e os resultados mostraram que glides com inserção variável foram preferencialmente interpretados na primeira vogal. Concluiu-se que os glides são primeiramente associados à primeira sílaba e que podem ser ressilabificados posteriormente, enquanto glides com inserção variável seriam puramente epentéticos. Ademais, argumentou-se que este fenômeno é um caso de múltiplas representações subjacentes em competição.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BECKER, M.; LEVINE, J. Experigen: an online experiment platform. 2013. Disponível em: http://becker.phonologist.org/experigen/. Acesso em: 01 jan. 2025.

BECKMAN, J. N. Positional faithfulness. 1998. Tese (Doutorado em Filosofia) – Departamento de Linguística, University of Massachusetts Amherst, Amherst, 1998.

BISOL, L. O ditongo na perspectiva da fonologia atual. D.E.L.T.A., São Paulo, v. 5, n. 2, p. 185-224, 1989.

BISOL, L. Introdução a estudos de fonologia do português brasileiro. 4. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005.

CAMARA JR., J. M. Estrutura da língua portuguesa. 35. ed. Petrópolis: Vozes, 1970.

COUTO, H. H. Ditongos crescentes e ambissilabicidade em português. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 29, n. 4, p. 129-141, 1994.

EBERLE, L. P. Monotongação, ditongação e resolução de hiatos: um estudo com palavras reais e logatomas no português falado em São Paulo. 2022. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Instituto de Estudos Linguísticos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2022.

EBERLE, L. P. Aumento de proeminência e maximização de contraste via epêntese de glide no português brasileiro. Letras de Hoje, v. 58, n. 1, e44765, 2023a. DOI: https://doi.org/10.15448/1984- 7726.2023.1.44765.

EBERLE, L. P. O efeito da proeminência de raízes na resolução de hiatos do português: Por que podemos falar fre(i)ar, mas não passe(i)ar? Caderno de Squibs: Temas em estudos formais da linguagem, v. 9, n. 1, p. 21-30, 2023b.

MADRUGA, M.; ABAURRE, M. B. M. Restrições fonotáticas de onset e ditongos crescentes em português. Revista da ABRALIN, v. 14, n. 1, 2015.

MCFADDEN, D. Conditional logit analysis of qualitative choice behavior. In: ZAREMBKA, P. (ed.). Frontiers in Econometrics. New York: Academic Press, 1974. p. 105–142.

PARKER, S. G. Quantifying the sonority hierarchy. 2002. Tese (Doutorado em Filosofia) – Departamento de Linguística, University of Massachusetts Amherst, Amherst, 2002.

PARKER, S. Sonority. Suprasegmental and Prosodic Phonology, [s. l.], v. 3, p. 1160-1184, 2011. Disponível em: https://doi.org/10.1002/9781444335262.wbctp0049. Acesso em: 24 ago. 2023.

PATER, J.; STAUBS, R.; JESNEY, K.; SMITH, B. C. Learning probabilities over underlying representations. Proceedings of the Twelfth Meeting of the Special Interest Group on Computational Morphology and Phonology. 2012. p. 62-71.

PRINCE, A.; SMOLENSKY, P. Optimality theory: Constraint interaction in generative grammar. Technical Report TR-2, Rutgers Center for Cognitive Science, Rutgers University, 1993.

RESENDE, M. A morfologia distribuída e as peças da nominalização: morfofonologia, morfossintaxe, morfossemântica. 2020. Tese (Doutorado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2020.

RIPLEY, B. nnet: Feed-forward Neural Networks and Multinomial Log-Linear Models. R package version 7.3-19. 2023. Disponível em: https://CRAN.R-project.org/package=nnet. Acesso em: 28 set. 2025.

RODRIGUES, M. C. O hiato no português: a tese da conspiração. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 42, n. 3, p. 7-26, 2007.

SCHILLER, N. O.; MEYER, A. S.; LEVELT, W. J. M. The syllabic structure of spoken words: Evidence from the syllabification of intervocalic consonants. Language and Speech, v. 40, n. 2, p. 103-140, 1997.

SMITH, J. L. Phonological augmentation in prominent positions. New York: Routledge, 2005.

TEAM, R. DEVELOPMENT CORE. R: a language and environment for statistical computing. Vienna, Austria: The R Foundation for Statistical Computing, 2022. Disponível em: https://www.Rproject.org. Acesso em: 8 maio 2024.

TREIMAN, R.; DANIS, C. Syllabification of intervocalic consonants. Journal of Memory and Language, v. 27, n. 1, p. 87-104, 1988.

Downloads

Publicado

13.10.2025