O efeito da proeminência de raízes na resolução de hiatos do português: por que podemos falar fre(i)ar, mas não passe(i)ar?
Palavras-chave:
morfofonologia, assimetria posicional, conjugação verbal, proeminência de raízes, variaçãoResumo
Os verbos terminados em -ear, no português brasileiro (PB), possuem hiatos no input como resultado do encontro entre a vogal na raiz/radical (V1) e a vogal na desinência verbal (V2). Esses verbos contêm uma assimetria quando a conjugação resulta na V1 [e] átona, pois, enquanto a maioria dos verbos prefere manter a forma fiel ao input ou altear a vogal para [i] (passear – pass[i]ar), um pequeno grupo de verbos bloqueia o alteamento e prefere a epêntese de [j] (fre[j]ar). Tendo isso em vista, o objetivo deste trabalho é defender que a aceitação de hiatos no PB é sensível a fatores morfofonológicos. A pesquisa foi experimental e feita através de um teste de julgamento de aceitabilidade. Os resultados mostraram que essa assimetria ocorre devido ao status morfológico da V1, isto é, que a epêntese é possível quando a V1 é parte da raiz (fre+ar), mas quando ela é um afixo, apenas o alteamento pode ocorrer (pass+e+ar). Por fim, conclui-se que a epêntese ocorre por demanda de proeminência na raiz, e o bloqueio do alteamento por demanda de fidelidade com a raiz e que não é possível analisar a resolução de hiatos em verbos do PB sem considerar o carácter morfofonológico.
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