Sobre a relevância da crítica literária dialética
algumas questões de método e uma experiência de análise
DOI:
https://doi.org/10.26512/cerrados.v34i69.59818Palavras-chave:
crítica literária dialética, estética marxista, realismo, particularidadeResumo
Este artigo aborda alguns princípios constitutivos da crítica literária dialética considerando especialmente as obras de Antonio Candido e Gyorgy Lukács com o fito de discutir os pressupostos teórico-metodológicos da tradição à qual esses dois pensadores se filiam. Para isso, primeiramente o artigo busca debater como o processo criador transforma a objetividade circundante em uma figuração sensível do mundo social e humano. Discute-se o tema aqui considerando-se “a medida inerente ao objeto” (Marx, 2004) como núcleo das “leis da beleza”, que caracterizam a especificidade das obras que são resultado do trabalho artístico. Na segunda parte do artigo, apresenta-se a experiência crítica de leitura do poema “A estrada”, de Manuel Bandeira, mobilizando, de modo especial, a noção de particularidade segundo Lukács. A hipótese central da leitura é a de que o poema apresenta uma situação na qual a subjetividade lírica revela um processo catártico, no qual a superação da mera singularidade se vislumbra através de uma abertura à genericidade.
Downloads
Referências
ADORNO, Theodor W. O ensaio como forma. In: ADORNO, Theodor W. Notas de literatura I. Tradução de Jorge de Almeida. São Paulo: Duas Cidades; Editora 34, 2003, p. 15-46.
BANDEIRA, Manuel. A cinza das horas; Carnaval; O ritmo dissoluto. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.
BASTOS, Hermenegildo. A obra literária como leitura/interpretação do mundo. In: ARAÚJO, Adriana; BASTOS, Hermenegildo. Teoria e prática da crítica literária dialética. Brasília: Editora UnB, 2011, p. 9-22.
CANDIDO, Antonio. Crítica e sociologia. In: CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2010, p. 13-26.
CHICOTE, Francisco García. Ensayo y método en György Lukács. Verinotio, Rio das Ostras, v. 27, n. 2, p. 39-57, mar. 2022.
GULLAR, Ferreira. Não-coisa. In: GULLAR, Ferreira. Muitas Vozes: poemas. Rio de Janeiro: José Olympio, 2006, p. 53-54.
HELLER, Agnes. Estrutura da vida cotidiana. In: HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. 11ª ed. São Paulo/Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016. E-book.
HOUAISS, Antonio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
LUKÁCS, György. Concretização da particularidade como categoria estética em problemas singulares. In: LUKÁCS, György. Introdução a uma estética marxista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. p. 181-298.
LUKÁCS, György. Estética I. La peculiaridad de lo estético. Trad. Manuel Sacristán. Barcelona; México: Ediciones Grijalbo, 1968b.
LUKÁCS, György. Estética: I La peculiaridad de lo estético. Trad. Manuel Sacristán. Barcelona; México D. F.: Grijalbo, 1966a.
LUKÁCS, György. Estética: I La peculiaridad de lo estético: 2. Problemas de la mímesis. Trad. Manuel Sacristán. Barcelona; México D. F.: Grijalbo, 1966b.
MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. Trad. Jesus Ranieri. São Paulo: Boitempo, 2004.
MAZZARI, Marcus Vinícius. Os espantalhos desamparados de Manuel Bandeira. Estudos Avançados. v. 16, n. 45, jan/abr. 2002, p. 255-276, 2002.
SANTOS, Deribaldo. A particularidade na estética de Lukács. São Paulo: Instituto Lukács, 2017.
VEDDA, Miguel. “Introducción”. In: MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Escritos sobre literatura. Selección e introducción de Miguel Vedda. Traducción y notas de Fernanda Aren, Silvina Rotemberg y Miguel Vedda. Buenos Aires: Colihue, 2003, p. 7-41.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Cerrados

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Proibida a reprodução parcial ou integral desta obra, por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por processo xerográfico, sem permissão expressa do editor (Lei n. 9.610 de 19/2/1998 )
