Comentário ao texto “Sobre a descolonização e seus correlatos”, de Wilson Trajano Filho

Autores

DOI:

https://doi.org/10.4000/11nft

Palavras-chave:

PPGAS 50 Anos, Trajano, Decolonial

Resumo

Escrever uma crítica ao conceito de descolonização e aos seus usos ao longo da história não é uma tarefa fácil e, no entanto, parece tarefa que já passou até da hora de se realizar, considerando-se o quanto o tema está em voga nos círculos acadêmicos, bem como o número de publicações que tem gerado. A descolonização tornou-se uma palavra da moda que prospera dentro das contradições da academia neoliberal – principalmente como uma via para mitigar as relações de poder e para aliviar parte do sentimento de “culpa colonizadora” que está associado à criação e à gestão das universidades ocidentais (Tuck e Yang 2012). Já é óbvio que a retórica radical da descolonização tem a tendência infeliz de servir aos interesses das universidades, muitas vezes situadas no Norte Global, e que tais discursos raramente são seguidos de ações políticas concretas para mudar as regras do jogo a favor dos grupos indígenas ou para redistribuir recursos (acadêmicos, patrimoniais, territoriais) nesse sentido. Este tipo de “inconformismo conservador”, argumenta o autor, é uma das armadilhas da descolonização (e da decolonialidade), enquadrada principalmente como uma questão epistemológica. Esse novo ambiente, na minha opinião, também produz uma corrida perturbadora eticamente para mostrar qual instituição será “mais decolonial” ou definirá “políticas decoloniais mais pró-ativas” do que as outras.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Anaïs Ménard, Instituto Max Planck de Antropologia Social

Coordenadora do grupo de investigação “Gênero, Migração e Mobilidade Social” do Instituto Max Planck de Antropologia Social, na Alemanha. Recebeu o Prêmio Otto-Hahn da Sociedade Max Planck por seu trabalho sobre os impactos da migração interna nas relações interétnicas, reciprocidade e conflito social em Serra Leoa no contexto do pós-guerra. É também pesquisadora sênior na University of Leuven, Bélgica.

Referências

Deridder, Marie, Anaïs Ménard, e Elieth Eyebiyi. 2022. “Presentation”. Recherches Sociologiques et Anthropologiques 53, nº 2: 35-66.

Dörr, Luisa. 2022. “ImillaSkate: an indigenous Bolivian skateboard collective – photo essay”. The Guardian, 08/02/2022. https://www.theguardian.com/artanddesign/2022/feb/08/imilla skate-an-indigenous-bolivian-skateboard-collective-photo-essay

Liadi, Olusegun F., e Ayokunle O. Omobowale. 2011. “Music multilingualism and hip-hop consumption among youths in Nigeria”. International Journal of Sociology and Anthropology 3, nº 12: 469-77.

Mark, Peter. 1999. “The Evolution of ‘Portuguese’ Identity: Luso-Africans on the Upper Guinea Coast from the Sixteenth to the Early Nineteenth Century”. The Journal of African History 40, nº 2: 173-191. DOI : 10.1017/S0021853799007422

Ménard, Anaïs. 2023. Integrating Strangers. Sherbro Identity and the Politics of Reciprocity along the Sierra Leonean Coast. London; New York: Berghahn Books. DOI : 10.1515/9781805390985

Mignolo, Walter. 2011. The Darker Side of Western Modernity: Global Futures, Decolonial Options. Durham: Duke University Press. DOI : 10.2307/j.ctv125jqbw

Ndlovu-Gatsheni, Sabelo J. 2018. Epistemic Freedom in Africa: Deprovincialization and Decolonization. London: Routledge.

Ojebuyi, Babatunde R., e Bimbo L. Fafowora. 2021. “Contesting Cultural Imperialism: Hybridisation and Re-enactment of Indigenous Cultural Values in Nigerian Hip-Hop Music”. Muzik 18, nº 1: 59-81.

Smith, Michael N., e Claire-Ann Lester. 2023. “From “dependency’ to ‘decoloniality’? The enduring relevance of materialist political economy and the problems of a ‘decolonial’ alternative”. Social Dynamics 49, nº 2: 196-219.

Táíwò, Olúfemi. 2022. Against Decolonisation. Taking African Agency Seriously. London: C. Hurst & Co. Ltd.

Theodossopoulos, Dimitrios. 2013. “Emberá Indigenous Tourism and the Trap of Authenticity: Beyond Inauthenticity and Invention”. Anthropological Quarterly 86, nº 2: 397-425. DOI : 10.1353/anq.2013.0023

Tuck Eve, e K. Wayne Yang. 2012. “Decolonization is not a metaphor”. Decolonization: Indigeneity, Education & Society 1, nº 1: 1-40.

Downloads

Publicado

2024-04-15

Como Citar

Ménard, Anaïs. 2024. “Comentário Ao Texto ‘Sobre a descolonização E Seus correlatos’, De Wilson Trajano Filho”. Anuário Antropológico 49 (1):138-44. https://doi.org/10.4000/11nft.

Edição

Seção

PPGAS 50 Anos

Artigos Semelhantes

<< < 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.