A rua no Brasil em questão (etnográfica)

Autores

  • Fraya Frehse

Palavras-chave:

rua, (auto)etnografia, interação social, cidade (Brasil), Praça da Sé (São Paulo)

Resumo

Quais os rendimentos teóricos e metodológicos que, para o debate das ciências sociais sobre a rua no Brasil, oferece uma etnografia das regras de interação social de pedestres específicos, que denomino não-transeuntes, no centro histórico da São Paulo de hoje? Após caracterizar a rua do cenário acadêmico nacional, cabe confrontá-la com as regularidades simbólicas apreendidas “autoetnograficamente” na copresença física de pedestres que permaneceram com regularidade notadamente na Praça da Sé no primeiro semestre de 2013. O vigor empírico de viração e autointegração pessoais dos nãotranseuntes em três situações interacionais comigo (nosso primeiro contato, a apresentação deles a mim e nosso convívio posterior) remete à rua como espaço público de pessoalidade moral. A rua dos não-transeuntes da Praça da Sé é mediação de práticas sociais que evidenciam de modo sui generis os dilemas metodológicos do etnógrafo em situações de interação social “focadamente desfocada” entre pessoas morais.

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Publicado

2018-02-19

Como Citar

Frehse, Fraya. 2018. “A Rua No Brasil Em questão (etnográfica)”. Anuário Antropológico 38 (2):99-129. https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6859.

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