O PÊNDULO GUARANI

território, memória e história no tekoha Apyka’i

Autores

  • Bruno Martins Morais Centro de Trabalho Indigenista

DOI:

https://doi.org/10.26512/abyayala.v2i2.13067

Resumo

Resumo: Entre as modulações do conceito de tekoha, polarizaram os que entendem como a projeção de uma categoria nativa de organização do espaço e da vida das comunidades guarani; e, do outro, os que acusam uma a-historicidade desse entendimento, que não contemplaria a dimensão reivindicatória da demarcação dos territórios indígenas diante do Estado Nacional. Neste artigo, repiso os termos desse debate para requalificar os tekoha como “territórios-memória” a partir da caracterização de um acampamento de retomada Kaiowá e Guarani no Mato Grosso do Sul ”“ o tekoha Apyka’i, chefiado por Dona Damiana. Diante de uma etnografia desse acampamento, o conceito de “territórios-memória” aparece com a potência de superar essa aparente dicotomia, e avançar na tradução dessas contradições em que se inscreve a vida de um povo. Guardo a esperança de que se possa, ao final, haver experimentado em parte o fino exercício de crítica histórica que permite os Kaiowá e Guarani modular as concepções de sua territorialidade entre diferentes registros, em uma absoluta indiferença ao constrangimento da teoria antropológica.

Palavras-chave: memória, territorialidade, direitos, guarani, teoria antropológica

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Publicado

2018-08-30

Como Citar

Morais, Bruno Martins. 2018. “O PÊNDULO GUARANI: Território, memória E história No Tekoha Apyka’i”. Abya-Yala: Revista Sobre Acesso à Justiça E Direitos Nas Américas 2 (2):121-39. https://doi.org/10.26512/abyayala.v2i2.13067.