JUVENTUDE NEGRA E ESTADO PENAL: VIOLÊNCIA, CONTROLE E RESISTÊNCIAS NAS FAVELAS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/ser_social.v27i57.57711

Palavras-chave:

Genocídio; Estado Penal; Violência de Estado; Juventude Negra; Favela.

Resumo

Este artigo tem o objetivo de refletir sobre os mecanismos atuais de genocídio da juventude negra brasileira, partindo da realidade das favelas cariocas e da relação entre violência e o Estado Penal. Para isso, analisa-se como as políticas de controle social e repressão afetam diferentes grupos sociais, destacando os marcadores raciais que orientam a seletividade do sistema de justiça. Discute-se a expansão do Estado punitivo e o uso da violência institucional como resposta a desafios sociais, frequentemente criminalizando populações negras e faveladas. O texto evidencia a influência de fatores históricos e estruturais na perpetuação desse modelo repressivo, criticando a priorização de soluções militares e punitivas em detrimento de políticas preventivas e sociais. Por fim, traz possíveis caminhos já trilhados pela população negra e favelada, que denunciam as violências sofridas, pautam a cidade do Rio de Janeiro e promovem alternativas para uma sociedade mais justa.

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Biografia do Autor

Isabel Cristina Lopes Barbosa, ICICT/FIOCRUZ

Cria da Maré. Pesquisadora do Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (ICICT/FIOCRUZ). Também é pesquisadora do Projeto de Pesquisa e Extensão Luta Antimanicomial e Feminismos pela Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ESS/UFRJ). Foi coordenadora da Frente de Mobilização e Articulação e pesquisadora do projeto De Olho na Maré pelo Eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré. Foi coordenadora do projeto de pesquisa "Os Impactos da Violência Armada na Vida das Mulheres da Maré: gênero, território e prática artística". É mestre em Políticas Públicas em Direitos Humanos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPDH/UFRJ). Bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Técnica em Vigilância em Saúde pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/FIOCRUZ). Tem experiência acadêmica e profissional nas áreas de políticas públicas, saúde pública, saúde mental, relações raciais, direitos humanos e violência.

Rachel Gouveia Passos, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professora Adjunta lotada no Departamento de Métodos e Técnicas da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Política Social da Escola de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense e pesquisadora dos seguintes grupos/núcleos de pesquisa: Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde Mental (NEPS/UERJ/CNPq) e Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Serviço Social e Saúde (NUEPSSS/UFF/CNPq). Coordena o Projeto de Pesquisa e Extensão Luta Antimanicomial e Feminismos, vinculado a Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Esteve como Assessora Técnica Especializada do Departamento de Saúde Mental da Secretaria de Atenção Especializada em Saúde do Ministério da Saúde (DESME/SAES/MS) no período de julho de 2023 a março de 2024. É Pós-Doutora em Direito pelo Programa de Pós-graduação em Direito, vinculada a linha de pesquisa Direitos Humanos, Democracia e Ordem Internacional, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2023); Pós-Doutora em Serviço Social e Políticas Sociais pela Universidade Federal de São Paulo (2018); Doutora em Serviço Social pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2016), tendo realizado estágio doutoral no Centro de Estudos Sociais (CES) na Universidade de Coimbra/Portugal; Mestra em Política Social pela Universidade Federal Fluminense (2011); Especialista em Saúde Mental e Atenção Psicossocial pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz (2009) e bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense (2007). Sua atuação acadêmica, profissional e política é direcionada para os seguintes temas: Psicologia Social Crítica e Saúde Mental; Formação Social Brasileira, Racismo e Processos de Subjetivação; Relações de Gênero, Raça e Classe e o Sofrimento e Adoecimento Psicossocial; Saúde Mental, Atenção Psicossocial e Luta Antimanicomial; Feminismo Marxista Interseccional e Decolonial; Teorias e Práticas de Cuidado e Serviço Social, Saúde Mental e Drogas. Compõe ainda a Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN); a Associação Brasileira de Saúde Mental (ABRASME) e a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) como membra do GTP ampliado Serviço Social, Relações de Exploração/Opressão de Gênero, Raça/Etnia, Feminismos e Sexualidades nas gestões de 2019-2020; 2021-2022 e foi coordenadora da ênfase de Feminismos na gestão 2023-2024. Atualmente está como pesquisadora Jovem Cientista do Nosso Estado pela FAPERJ (2024-2027).

Suellen Silva de Araújo, Redes da Maré

Advogada e favelada. Expertise em Direito Público. Militante da aplicação do Direito sob a perspectiva de gênero, voltado ao atendimento simplificado e acessível à mulheres.Tecedora da Associação Redes da Maré, Eixo de Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça no Projeto Maré de Direitos, além da Casa das Mulheres da Maré. Integrante da equipe de atendimento especializado em receber múltiplas violência na Maré. Organizadora do atendimento do NUDEM em parceria com o Maré de Direitos e Casa das Mulheres.

Priscila Fernandes da Silva, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Mestranda do programa de pós-graduação em Serviço Social na Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ- PPGSS). Especialista em Saúde Mental e Atenção Psicossocial pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz (ENSP-FIOCRUZ, 2022). Especialista em Políticas Sociais e Intersetorialidade Área de Concentração: Crianças e Adolescentes pelo Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF-FIOCRUZ, 2022). Pesquisadora do Censo Psicossocial dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental do Estado do Rio de Janeiro, ação vinculada ao Projeto de Pesquisa e Extensão Luta Antimanicomial e Feminismos (ESS/UFRJ). Bacharel em Serviço Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro (2019). Tem experiência no campo do Serviço Social com ênfase na atenção psicossocial. Sua atuação acadêmica, profissional e política é direcionada para os seguintes temas: Luta antimanicomial; saúde mental e interseccionalidades; mulheres negras, sofrimento psicossocial, racismo e drogas.

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Publicado

27-08-2025

Como Citar

LOPES BARBOSA, Isabel Cristina; GOUVEIA PASSOS, Rachel; SILVA DE ARAÚJO, Suellen; FERNANDES DA SILVA, Priscila. JUVENTUDE NEGRA E ESTADO PENAL: VIOLÊNCIA, CONTROLE E RESISTÊNCIAS NAS FAVELAS. SER Social, Brasília, v. 27, n. 57, 2025. DOI: 10.26512/ser_social.v27i57.57711. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/SER_Social/article/view/57711. Acesso em: 5 dez. 2025.

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