Museu Casa de Cora Coralina e o luto estratificado em memórias femininas

Autores

  • Clovis Carvalho Britto
  • Paulo Brito do Prado

DOI:

https://doi.org/10.26512/museologia.v7i13.17755

Palavras-chave:

Mulheres, Gênero, Luto, Museologia, Museu Casa

Resumo

O artigo tece algumas considerações sobre o luto estratificado em memórias femininas e o gênero a partir de fotografias fúnebres guardadas na reserva técnica do Museu Casa de Cora Coralina, na cidade de Goiás. Na produção de nossa argumentação partimos da musealização da memória do luto depositado em fotografias guardadas por Jacintha Luiza do Couto Brandão e Cora Coralina entre fins do século XIX e o século XX. Deste estudo observamos que a guarda exercitada por mulheres é atravessada por marcas de gênero em que a construção histórica do leque de simbolismos sexuais impôs a elas tarefas relativas à exteriorização da dor e da perda. Deste modo consideramos que o gênero operou em muitos seguimentos da vida social de mulheres viúvas, obrigando-as a tornarem-se responsáveis, dentre várias coisas, pela memória de seus mortos.

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Publicado

2018-05-28

Como Citar

Britto, C. C., & Prado, P. B. do. (2018). Museu Casa de Cora Coralina e o luto estratificado em memórias femininas. Museologia & Interdisciplinaridade, 7(13), 55–69. https://doi.org/10.26512/museologia.v7i13.17755

Edição

Seção

Dossiê Estudos de Museologia e Gênero

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