"Usar algumas palavras que ainda não tenham idioma"

os “desobjetos” de Manoel de Barros e a narrativa nos museus

Autores

  • Clovis Carvalho Britto Universidade de Brasília

Palavras-chave:

Museologia, Literatura, Museus, Narrativa, Manoel de Barros

Resumo

O artigo se inspira nas estratégias temáticas e estilísticas do poeta brasileiro Manoel de Barros (1916-2014), especialmente no conceito de “desobjetos”, para apresentar questões em torno da narrativa nos museus. A partir de uma perspectiva ensaística evidencia as exposições museológicas como instâncias de fricção e criação de uma narrativa singular instituída entre a “poética do espaço” e a “poética das coisas”. Analisa as especificidades das narrativas construídas nos museus por meio da prevalência da “linguagem dos objetos” reconhecendo-as como formas de extroversão dos indicadores de memórias e instâncias de ressignificação e reenquadramento do mundo. Essas leituras suscitam o diálogo com poéticas híbridas, acionadas no entre-lugar da materialidade do texto e da textualidade dos objetos.

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Biografia do Autor

Clovis Carvalho Britto, Universidade de Brasília

Doutor em Museologia pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT), Lisboa, e em Sociologia pela Universidade de Brasília (UnB). Professor no curso de bacharelado em Museologia e no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCINF) da UnB e no Programa de Pós-Graduação em Museologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na área de Museologia.

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Publicado

2021-05-31

Como Citar

Britto, C. C. (2021). "Usar algumas palavras que ainda não tenham idioma": os “desobjetos” de Manoel de Barros e a narrativa nos museus. Museologia & Interdisciplinaridade, 10(19), 491–504. Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/museologia/article/view/32245