A retomada da etnia como um conceito sociológico fundamental
DOI:
https://doi.org/10.1590/s0102-6992-20254003e57994Palavras-chave:
comunidade étnica, relações comunitárias, Max WeberResumo
A etnia permaneceu por muito tempo relegada à condição marginal na Sociologia. No entanto, desde Max Weber, existem pressupostos não dualistas para uma teoria das etnias. À vista disso, este ensaio pretende demonstrar as contribuições do seu conceito de Ethnische Gemeinschaften em três vias. No plano metodológico, o grupo étnico sofreu mudanças internas: o primeiro conceito (comunidade étnica), vinculado ao elemento subjetivo do pertencimento, implicava efemeridade; o segundo (relações comunitárias) explora o caráter de estabilidade da coordenação das ações. No plano normativo, Weber diferencia a comunidade étnica da tribo a partir dos interesses normativos, visto que o caráter pragmático e racionalista recai sobre a etnia de maneira secundária. No plano político, Weber explora o modo como a nação se firma como uma comunidade étnica a partir do sentimento de descendência comum. Isso demonstra que a teoria de Weber possui diretrizes para a retomada da etnia como um conceito sociológico fundamental.
Downloads
Referências
BARTH, F. Ethnic Groups and Boundaries: The Social Organization of Culture Difference. Oslo: Universitetsforlaget; London: George Allen & Unwin, 1969.
BARTHES, R. “A morte do autor”. Em: BARTHES, R. O rumor da língua. São Paulo: Martins Fontes, 2004, p. 61–67.
BOAS, F. Antropologia cultural: textos selecionados. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
BOLDA, B. S. Max Weber possui duas sociologias? Análise comparativa do esquema conceitual de Sobre algumas categorias da sociologia compreensiva (1913) e Conceitos sociológicos-fundamentais (1921). Revista Política & Sociedade, v. 19, n. 45, 2020. DOI: 10.5007/175-7984.2020v19n45p83.
BREUER, S. Die Gesellschaft des Verschwindens: Studien zum politischen Denken Max Webers. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1991.
BREUER, S. Max Webers Herrschaftssoziologie. Frankfurt am Main: Campus, 1996.
BRUBAKER, R. Ethnicity without Groups. Cambridge: Harvard University Press, 2004.
CALHOUN, C. Nations Matter: Culture, History, and the Cosmopolitan Dream. London: Routledge, 2007.
COMTE, A. Curso de filosofia positiva: lição 1. Em: COMTE, A. Grandes pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
DURKHEIM, É. Da divisão do trabalho social. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
KALBERG, S. Max Weber’s Comparative-Historical Sociology. Chicago: University of Chicago Press, 1994.
KANT, I. Kritik der praktischen Vernunft. Kants gesammelte Schriften. Bd. V. Berlin: Walter de Gruyter, 1908.
LATOUR, B. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. Rio de Janeiro: Editora 34, 1994.
LICHTBLAU, K. “Vergemeinschaftung” und “Vergesellschaftung” bei Max Weber: Eine Rekonstruktion seines Sprachgebrauchs. Zeitschrift für Soziologie, v. 29, n. 6, 2000. DOI: 10.1007/978-3-531-93235-4_16.
MOMMSEN, W. J.; MEYER, M. (Eds.). “Editorischer Bericht: Ethnische Gemeinschaften”. Em: WEBER, Max. Wirtschaft und Gesellschaft. Die Wirtschaft und die gesellschaftlichen Ordnungen und Mächte. Nachlaß. Teilband 1: Gemeinschaften. Tübingen: J. C. B. Mohr, 2001.
MORGAN, L. H. A sociedade primitiva. Lisboa: Presença/Martins Fontes, 1980.
MUELLER, H. P. “Rasse” und “Nation” – Max Weber als politischer Denker. Leviathan, v. 48, n. 4, 2020, p. 548-571. DOI: 10.5771/0340-0425-2020-4-548.
RINGER, F. A metodologia de Max Weber: unificação das ciências culturais e sociais. São Paulo: Edusp, 2004.
ROTH, G. Introduction. Em: WEBER, M. Economy and Society: An Outline of Interpretive Sociology. New York: Bedminster Press, 1968.
SCHLUCHTER, W. Handlung, Ordnung und Kultur. Heidelberg: Mohr Siebeck, 2005.
SCHLUCHTER, W. O desencantamento do mundo: seis estudos sobre Max Weber. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2014.
SCHLUCHTER, W. Die Entstehung des modernen Rationalismus: Eine Analyse von Max Webers Entwicklungsgeschichte. Tübingen: Mohr Siebeck, 2014.
SCHLUCHTER, W. Grundlegungen der Soziologie. 2. Auflage. Tübingen: Mohr Siebeck, 2015.
SELL, C. E. Weber no século XXI: desafios e dilemas de um paradigma weberiano. DADOS – Revista de Ciências Sociais, v. 57, n. 1, 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/S0011-52582014000100002.
TÖNNIES, F. Gemeinschaft und Gesellschaft: Abhandlung des Communismus und des Socialismus als empirischer Culturformen. Leipzig: Fues’s Verlag, 1887.
TYLOR, E. B. A ciência da cultura. In: CASTRO, C. (Org.). Evolucionismo cultural. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
VIVEIROS DE CASTRO, E. Cosmological deixis and Amerindian perspectivism. Journal of the Royal Anthropological Institute, 1998.
WEBER, M. Diskussionsbeitrage zum Vortrag von Alfred Ploetz auf dem Ersten Deutschen Soziologentag am 21. und 22. Oktober 1910 in Frankfurt am Main. Em: WEBER, M. Verstehende Soziologie und Werturteilsfreiheit. Schriften und Reden (1908–1917). Organizado por Johannes Weiss e Sabine Frommer. Tübingen: Mohr Siebeck, 2018.
[MWG I/12] WEBER, M. Verstehende Soziologie und Werturteilsfreiheit. Schriften und Reden (1908–1917). Organizado por Johannes Weiss e Sabine Frommer. Tübingen: Mohr Siebeck, 2018.
[MWG I/22-1] WEBER, M. Wirtschaft und Gesellschaft. Die Wirtschaft und die gesellschaftlichen Ordnungen und Mächte. Nachlaß. Teilband 1: Gemeinschaften. Organizado por Wolfgang J. Mommsen e Michael Meyer. Tübingen: J. C. B. Mohr (Paul Siebeck), 2001. (Max Weber-Gesamtausgabe, I/22-1).
[MWG I/23] WEBER, M. Wirtschaft und Gesellschaft: Soziologie (1919–1920). Organizado por Knut Borchardt, Edith Hanke e Wolfgang Schluchter Tübingen: Mohr Siebeck, 2013.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Sociedade e Estado

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.





