Regras morais e convencionais no raciocínio de crianças

Autores

  • Maria da Graça B.B. Dias Universidade de Oxford
  • Paul L. Harris Universidade de Oxford

Resumo

RESUMO - Uma apresentação de brincadeira de faz-de-conta pode ser usada para induzir crianças a criarem um mundo independente, onde os eventos podem ocorrer diferentemente daqueles do mundo empírico, facilitando assim a ocorrência de raciocínio dedutivo com base em premissas contrárias aos fatos (Dias e Harris, 1988a, b, c; no prelo a e b). Analisou-se então, se a criação deste mundo de faz-de-conta proporciona o mesmo efeito em problemas silogísticos que contêm premissas contrárias aos dorhfnios morais ou convencionais. Os resultados mostram que, em nenhuma das três amostras estudadas (crianças brasileiras e inglesas de NSE médio, e crianças brasileiras de orfanatos), houve distinção entre regras morais e convencionais como encontrado por Turiel (1983). O contexto de brincadeira favoreceu, como nos estudos anteriores, o desempenho das crianças inglesas e brasileiras de NSE médio. No entanto, as crianças brasileiras de orfanatos raciocinaram similarmente em ambos os contextos, como acontece quando o conteúdo dos problemas está de acordo com a experiência dos sujeitos (ver Hawkins, Pea, Giick & Scríbner, 1984; Dias e Harris, 1988a, c). Para estas crianças, afirmações que representam violações de regras morais, convencionais ou empíricas para as outras amostras, pareciam ser aceitas como verdades empíricas, facilitando seu desempenho mesmo em problemas apresentados verbalmente, sem necessidade do contexto de brincadeira.

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Publicado

2012-08-15

Como Citar

Dias, M. da G. B., & L. Harris, P. (2012). Regras morais e convencionais no raciocínio de crianças. Psicologia: Teoria E Pesquisa, 6(2), 125–138. Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/revistaptp/article/view/17089