Inscrições Infantis
DOI:
https://doi.org/10.26512/resafe.v0i12.4355Palavras-chave:
Ciências Sociais, Filosofia, Educação, Filosofia da Educação, Ensino de Filosofia, Ensino, Linguística, Literatura infantilResumo
Este texto explora o conceito Infância a partir da palavra literária, na sua força expressiva. A palavra literária - outra, aventureira - pronta para receber enchimentos, como consagra Manoel de Barros, nos parece ser a melhor expressão de uma escrita infantil. Leve, saltitante, sem-lugar, disposta a dizer coisas distintas quando pronunciada por gente diferente, essa palavra se faz crianceira. Literatura e infância encontram-se por seu intermédio, na aventura de dizer-se, na manifestação daquilo que são. Esse estado principiador, anterior à compreensão aproblemática do dizer é, a um só tempo, o estado comum e singular da experiência humana - o problema de passar por uma experiência e ser capaz de narrar, de algum modo, o acontecimento. Isso é o que evidencia Guimarães Rosa em suas Primeiras Estórias. Nelas, Rosa rompe a noção comum de comunicação como relação entre consciências ou como transporte lingüístico de um querer dizer e insere-se no campo do querer-ser das palavras. No mundo verbal criado por Rosa habitam personagens infantis como o menino do conto As margens da alegria e a menina do conto A menina de lá que ilustram nossa tese a respeito de uma escrita infantil e consubstanciam conceitos compreensivos do mundo, além de conformar imagens literárias que inspiram novos pensares acerca da Infância.
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