O Sentido da Filosofia na Escola:
(Não) É O Que Não Pode Ser
DOI:
https://doi.org/10.26512/resafe.v0i5.4112Palavras-chave:
Educação, Filosofia da Educação, Filosofia, Escola, Ensino, Tabus, PoderResumo
Qual o lugar da filosofia na escola? Qual a liberdade que a filosofia encontra na escola para poder ser o que quer? A escola sustenta-se em modelos, busca a padronização, o igual; já a filosofia procura aquilo que nem mesmo ela é para poder continuar sendo filosofia. A filosofia pode incomodar a estrutura de poder da escola e colaborar com a construção de um espaço mais humano, mas também estimular o seu inverso ao não enfrentar as relações de poder nesta instituição, preservando o que deveria ser eliminado. Em diversos textos - ”•Educação após Auschwitz”–, ”•Tabus a respeito do professor”–, ”•Educação contra a barbárie”–, entre outros - Adorno aponta a necessidade de a escola opor resistência à barbárie, que é o contrário da formação (Bildung). Assim, a escola deve servir à desbarbarização da humanidade, mas para isto deve libertar-se dos tabus. Que papel tem o professor de filosofia neste contexto? Sua postura frente ao conhecimento, as relações que estabelece com os alunos e com o conteúdo, marcam uma postura política e uma concepção de educação que podem afirmar ou negar a própria filosofia. Como fazer efetivamente filosofia na escola? Se a filosofia levasse a cabo discussões consideradas pedagógicas, o que aconteceria com a escola? Talvez a escola corresse o risco de implodir ou a filosofia desejasse sair da escola. Mas é possível que a filosofia tenha que ocupar este espaço para ser parte do que deseja ser. Para realizar esta reflexão partiremos de uma determinada concepção de filosofia. Procuraremos pensar este conceito com o auxílio de um outro - o de dialética negativa desenvolvido pelos frankfurtianos. A unidimensionalidade do homem na sociedade industrial, denunciada por Marcuse, invade todos os campos, inclusive o pensamento. Urge pensarmos o conceito de filosofia como comportando tensões; eis um modo de resistir à sua estandartização.
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Referências
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