Para além de Prometeu: as relações humano/natureza e a AgriCultura do Encantamento
DOI:
https://doi.org/10.21057/10.21057/repamv16n2.2022.49316Palavras-chave:
Xucuru do Ororubá, gestão territorial, antropoceno, povos indígenasResumo
O objetivo deste artigo é discutir outros modelos de gestão do território e de relação humano/natureza a partir da experiência da cosmo-gestão dos Xukuru do Ororubá, tendo como foco os saberes e experiências denominados AgriCultura do Encantamento. Distante do paradigma predatório do neoextrativismo contemporâneo, esta agricultura reflete modos de vida que, em seu conjunto, promovem o viver na terra sem comprometer a vida biológica e espiritual da Terra Mãe, entendida como um macroorganismo vivo, casa dos reinados encantados de Ororubá. Em termos metodológicos, recorremos à revisão de literatura e à narrativa autobiográfica para discutir a dicotomia basilar entre humano e natureza do pensamento moderno ocidental, o que nos remete à necessidade de diálogo com outras matrizes epistêmicas que se fundam em princípios tais como a regeneração e a reconexão.
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