Feminismo Comunitário do Sul
Lutas, territórios e res-existências das catadoras de lixo no município de Mossoró/RN/Brasil
DOI:
https://doi.org/10.21057/10.21057/repamv15n1.2021.38280Palavras-chave:
Mulheres Catadoras; Epistemologias do Sul; Liderança Feminina; Socioeconomia da vida.Resumo
Este artigo discorre sobre as principais lutas das catadoras de materiais recicláveis no âmbito da cidade de Mossoró/RN, expondo desde uma base teórico-epistemológica de ordem feminista negra e comunitária, ecofeminismo, feminismo decolonial, no contexto das rupturas paradigmáticas do pensamento do Sul. A ancoragem metodológica partiu do ponto de vista da injustiça cognitiva e social (Santos, 2010), e da voz das subalternas (Spivack, 2012), de onde realizamos pesquisa de campo e entrevistas em profundidade por um longo e intermitente período de tempo que se estendeu do ano de 2009 até o ano de 2021. O diálogo na pesquisa está centrado no protagonismo de Josefa Avelino, fundadora e atual presidenta da Associação Comunitária Reciclando para a Vida (ACREVI), mas contempla as catadoras de material reciclável da associação, que são em sua maioria mulheres negras, pobres, periféricas, mães, desempregadas, donas da economia do lar, que resistem diariamente nas ruas, vivendo das sobras, às sombras do modo de produção capitalista. Ao final, entendemos como a ação subjetiva de mulheres pode engendrar novas estratégias políticas em que a questão da produtividade está relacionada à outra lógica de economia da vida, uma economia das solidariedades
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