Caminhos da Reprodução da Colonialidade
Experiência desenvolvimentista e reação conservadora sob a tensão colonialidade/decolonialidade
DOI:
https://doi.org/10.21057/10.21057/repamv14n2.2020.31877Palavras-chave:
Classes sociais; colonialidade/decolonialidade; conservador; desenvolvimentismoResumo
A presente comunicação trata de verificar de como ocorreu o recente processo de medianização precária no Brasil. Isso parte do questionamento se a segunda experiência desenvolvimentista brasileira promoveu alterações nos estratos intermediários da estrutura de classes no Brasil. Através de uma consistente revisão bibliográfica, oriunda da pesquisa de doutoramento, fazemos uso do pensamento decolonial como saber que confronta a retórica neoliberal e financeira. Aqui se delineia a tensão entre colonialidade/decolonialidade que possibilita localizar referências normativas denominadas de marcadores sociais do tensionamento entre colonialidade/decolonialidade. Os marcadores então tratam de analisar o desenvolvimento, especialmente o modelo heterodoxo brasileiro dos governos petistas, e possíveis alterações na estrutura de classe. Identifica-se, então, um processo de medianização precarizada em que a mobilidade social se dá de forma limitada inflando os estratos intermediários e não produzindo uma sociedade de classe média. Isso produz reações conservadoras e de extrema direita a fim de garantir a manutenção de uma ordem social desigual, baseada em fortes privilégios no topo da pirâmide socioeconômica, não rompendo com a colonização da vida social.
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