O Estado como Forma e como Limite: contradições das esquerdas na América Latina, em especial na Venezuela e no Brasil

Autores

  • Vladimir Puzone Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.21057/10.21057/repamv14n2.2020.31873

Palavras-chave:

crise política; governos progressistas; estado; forma política

Resumo

Este texto tem por objetivo fazer algumas reflexões sobre a gravitação de partidos e movimentos populares e de trabalhadores em relação ao estado em países da América do Sul nas últimas duas décadas e entender as circunstâncias que levaram às crises políticas que se seguiram, especialmente no Brasil e na Venezuela. A gravitação daquelas organizações é entendida a partir de uma teoria do estado capitalista que o analisa enquanto forma que contém os conflitos e antagonismos sociais, além da sua especificidade nos países da região. Parte-se de uma breve resenha sobre os governos progressistas da América do Sul para em seguida mostrar as particularidades da forma estado na região e problematizar em que medida os governos e os movimentos e organizações populares venezuelanos e brasileiros tiveram seus horizontes de transformação conformados pela atividade estatal. O texto sugere, então, que a crise política e a ascensão (ou o retorno) de grupos de direita e extrema-direita no Brasil e na Venezuela podem ser pensadas em conexão com a questão da conformação dos horizontes de transformação.

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Biografia do Autor

Vladimir Puzone, Universidade de Brasília

Bolsista PNPD/CAPES e pesquisador colaborador pelo Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília

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Publicado

2020-12-04

Como Citar

Puzone, V. . (2020). O Estado como Forma e como Limite: contradições das esquerdas na América Latina, em especial na Venezuela e no Brasil. Revista De Estudos E Pesquisas Sobre As Américas, 14(2), 216–249. https://doi.org/10.21057/10.21057/repamv14n2.2020.31873

Edição

Seção

Dossiê Crises políticas na América Latina