Bioética, religião e promessas de cura: reflexões sobre o princípio da autonomia
DOI :
https://doi.org/10.26512/rbb.v4i1-2.7877Mots-clés :
Igreja Universal do Reino de Deus. Promessas de cura. Autonomia. Heteronomia. Bioética.Résumé
A religiosidade está presente nos contextos de saúde”“doença e observa-se com freqüência a atribuição a Deus pela ocorrência e pela solução de problemas de saúde. Este estudo objetivou identificar, nas mensagens de programas televisivos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), relações entre religiosidade e saúde, bem como refletir sobre as promessas de cura à luz da bioética, especificamente sobre temas como autonomia, heteronomia e alteridade. Tanto o conteúdo quanto a forma das mensagens transmitidas apresentaram características heterônomas, ferindo o princípio da autonomia: tenderam a coagir o telespectador a seguir regras de comportamento pregadas por essa religião, visando convencê-lo de que os problemas de saúde provêem de causas espirituais. O princípio da alteridade foi infringido pela desvalorização e pela desqualificação da medicina e de outras explicações religiosas.
Téléchargements
Références
Pargament KI. God help me: toward a theoretical framework of coping for the psychology of religion. Research in the Social Scientific Study of Religion 1990; 2:195-224.
Botelho JB. Medicina e Religião: conflito de competências. Manaus: Metro Cúbico; 1991.
Chatters L. Religion and health: public health research and practice. Annual Review of Public Health 2000; 21:335-367.
Faria JB. Religiosidade, enfrentamento e bem-estar subjetivo em pessoas vivendo com HIV/Aids (tese). Brasília(DF): Universidade de Brasília; 2004.
Harrison MO, Koenig HG, Hays JC, Eme-Akwari AG, Pargament KI. The epidemiology of religious coping: a review of recent literature. International Review of Psychiatry 2001; 13:86-93.
Pargament KI. The psychology of religion and coping: Theory, research, practice. New York: The Guilford Press; 1997.
Pargament KI, Park CL. Merely a defense? The variety of religious means and ends. Journal of Social Issues 1995; 51:13-32.
Siegel K, Anderman SJ, Schrismshaw EW. Religion and coping with heal- th-related stress. Psychology and Health 2001; 16:631-653.
Tix AP, Frazier PA. The use of religious coping during stressful life events: main effects, moderation, and mediation. Journal for Consulting & Clinical Psychology 1998; 66:411-22.
Pargament KI, Zinnbauer BJ, Scott AB, Butter EM, Zerowin J, Stanik P. Red flags and religious coping: identifying some religious warning signs among people in crisis. Journal of Clinical Psychology 1998; 54:77-89.
Rabelo MC. Religião e cura: algumas reflexões sobre a experiência religiosa das classes populares urbanas. Cadernos de Saúde Pública 1993; 9(3):316-325.
Igreja Universal do Reino de Deus. http://www.igrejauniversal.org.br (acesso em 8/Jun/2005).
Mariano R. Expansão pentecostal no Brasil: o caso da Igreja Universal. Estudos Avançados 2004; 18(52):121-138.
Mariano R. Op. cit. p.129.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico. http:// www.ibge.gov.br (acesso em 15/Set/2005).
Porto D, Garrafa V. Bioética de Intervenção: considerações sobre a economia de mercado. Bioética 2005; 13(1): 111-123.
Burity JA. Mídia e religião: os aspectos continuam a rondar... http://www. comciencia.br/reportagens/2005/05/14 (acesso em 6/Jun/2005).
Burity JA. Op. cit. p.2.
Berttolli KK. Mídia, religião e história cultural. Revista de Estudos da Religião 2004; 4:96-115.
Santana LKA. Religião e mercado: a mídia empresarial religiosa. Revista de Estudos da Religião 2005; 1:54-67.
Santana LKA. Op. cit. p.55.
Santana LKA. Op. cit. p.65.
Beauchamp TL, Childress JF. Principles of biomedical ethics. New York: Ed. Oxford; 2001.
Beauchamp TL, Childress JF. Op. cit. p.138.
Marchi MM, Sztajn R. Autonomia e heteronomia na relação entre pro- fissional de saúde e usuário dos serviços de saúde. Revista Bioética 1998; 6(1):39-45.
Goldim JR. Alteridade. http://www.bioetica.ufrgs.br/alteridade.htm (aces- so em 6/Jun/2005).
Betto (Frei). Pós-Modernidade e novos paradigmas. Revista Reflexão 2000; 3:5-10.
Betto (Frei). Op. cit. p.8.
Sidekum A. Alteridade e Multiculturalismo. Ijuí: Unijuí; 2003.
Faria JB, Seidl EMF. Religiosidade e enfrentamento em contextos de saúde e doença: revisão da literatura. Psicologia: Reflexão e Crítica 2005; 18:3.
Rabelo MC. Op. cit. p.320.
Assmann H. A igreja eletrônica e seu impacto na América Latina. Petró- polis: Vozes; 1986.
Alves CAR. O fenômeno da igreja eletrônica: Deus está no ar (tese). Florianópolis(SC): Universidade Federal de Santa Catarina; 2000.
Alves CAR. Op. cit. p.15.
Mariano R. Op. cit. p.130.
Mariano R. Op. cit. p.129.