Françoise Choay

Proposições sobre a autenticidade

Autores

  • Beatriz Mugayar Kuhl Universidade de São Paulo; Faculdade de Arquitetura e Urbanismo; Pós-graduação na área de História e Fundamentos da Arquitetura e Urbanismo https://orcid.org/0000-0003-4290-1934

DOI:

https://doi.org/10.18830/issn.1679-0944.n35.2023.05

Palavras-chave:

Françoise Choay, Autenticidade, Monumento, Monumento Histórico, Restauração

Resumo

Este texto aborda as proposições de Choay sobre a autenticidade, a partir de seu escrito publicado em 1995. Este artigo tem por intuito pontuar alguns temas, e não os esgotar, direcionando-os mais explicitamente para o campo disciplinar do restauro. Para tanto, primeiramente, são abordados aspectos de como a autenticidade foi entendida na Carta de Veneza e as dúvidas que gerou. Depois, são examinadas as noções de monumento e monumento histórico e suas relações com as visões culturais do tempo. A seguir, centra-se sobre aspectos das proposições de Choay sobre autenticidade, evidenciando a necessidade de análise rigorosa e crítica para enfrentar as questões. Evidencia-se a visão da autora de que a função memorial, a memória viva, deve também ser mobilizada para os monumentos históricos, para que não haja perda da competência de edificar, de estruturar a paisagem e de habitar no espaço e no tempo. Por fim, são apresentadas considerações de como essa discussão pode contribuir para a reflexão atual sobre a restauração.

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Biografia do Autor

Beatriz Mugayar Kuhl, Universidade de São Paulo; Faculdade de Arquitetura e Urbanismo; Pós-graduação na área de História e Fundamentos da Arquitetura e Urbanismo

Professora Titular (2017) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto, instituição na qual ingressou como professora em 1998. Tem graduação em Arquitetura e Urbanismo pela FAUUSP (1987), mestrado pela  Katholieke Universiteit Leuven (1992), Bélgica, doutorado pela FAUUSP (1996) e pós-doutorado na Sapienza Università di Roma (2001; 2005). Coordenou um dos eixos de investigação do Plano de Conservação Preventiva para o Edifício Vilanova Artigas (FAUUSP), programa Keeping It Modern - Getty Foundation (07.2015-03.2018). Foi chefe de Departamento (AUH-FAUUSP) de novembro de 2015 a novembro de 2019. Fez parte dos grupos de trabalho da USP - inicialmente Grupo de Trabalho Museu Paulista 2022, posteriormente Comitê Gestor do Museu do Ipiranga 2022- com vistas à reabertura do Museu do Ipiranga (2016-2022). Dedica-se a disciplinas de preservação de bens culturais, tanto na graduação quanto na pós-graduação. As pesquisas abordam questões teóricas e metodológicas da restauração, com especial interesse pelo patrimônio industrial. Tem vários livros publicados - entre eles Arquitetura do ferro e arquitetura ferroviária em São Paulo (São Paulo, Ateliê/FAPESP/SEC, 1998), Preservação do patrimônio arquitetônico da industrialização (Ateliê/FAPESP, 2009, 2a ed. 2018) – assim como artigos.

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Publicado

11-09-2023

Como Citar

Mugayar Kuhl, B. (2023). Françoise Choay: Proposições sobre a autenticidade. Paranoá, 16(35), 1–14. https://doi.org/10.18830/issn.1679-0944.n35.2023.05

Edição

Seção

Itinerários intelectuais de Françoise Choay

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