Lições do projeto modernista para a Amazônia
DOI:
https://doi.org/10.18830/1679-09442024v17e45496Palavras-chave:
Colonização, Desmatamento, Projeto, Circulação de Ideias, TransamazônicaResumo
Em 1972, o governo brasileiro implantou um esquema de colonização e uma série de novas cidades ao longo da rodovia Transamazônica, então em construção. O projeto estatal almejava desenvolvimento regional, crescimento econômico e integração nacional, o que legitimava o regime militar. Apesar de investimentos robustos, o projeto foi abandonado como fracasso um par de anos depois. Desde então, desmatamento e baixo Índice de Desenvolvimento Humano têm marcado aquela região. O artigo analisa o projeto de colonização e sua materialização através do método histórico interpretativo e da morfologia urbana, com base em documentos originais, visita de campo e estudos econômicos, políticos, sociais, ambientais e agrícolas. Apresenta a noção de desenvolvimento e de modernização nacional fortemente ligada à transformação física do ambiente natural. Em seguida examina o esquema de colonização e o layout das novas cidades propostas, comparando-os com o empreendimento privado de colonização do norte do Paraná, modelo para o projeto transamazônico de colonização. Por fim, o artigo aponta problemas deste empreendimento de ocupação da Amazônia e considera o fiasco deste planejamento. Argumenta-se que o projeto urbano e arquitetônico foi tratado como sinal da modernidade na medida em que ele implicava um resultado radicalmente distinto tanto da realidade urbana contestada quanto do ambiente natural a ser subjugado. O pensamento modernista e os traçados funcionalistas materializaram a aspiração de transformar completamente o habitat ao invés de adaptar-se a ele.
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