Por uma política criminal não fascista

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/revistainsurgncia.v8i2.44011

Palavras-chave:

Questão criminal, política criminal, segurança pública, populismo penal, neofascismo

Resumo

Após as eleições de 2018 e a ascensão da extrema-direita, o Brasil experimenta seu maior refluxo político desde a reabertura democrática. Este fenômeno não foi particular, sendo possível percebê-lo como global, reacendendo a discussão em torno do chamado neofascismo. Este ensaio pretende refletir sobre o momento atual, tomando como premissa a centralidade da questão criminal no debate político contemporâneo. As experiências de fascismo e neofascismo serão postas em evidência a partir de um olhar panorâmico, na tentativa de oferecer chaves para compreender seus usos na atualidade. A partir destas chaves será possível afirmar a urgência de uma política criminal alternativa.

Biografia do Autor

Marco Alexandre Souza Serra, Centro Universitário Ingá, Maringá, Paraná, Brasil

Professor do Centro Universitário Ingá (UNINGÁ), pós-doutor em criminologia pela Universidad Nacional del Litoral/Argentina.

Diogo Justino, Universidad Nacional Tres Febrero, Centro de Estudios sobre Genocídio, Buenos Aires, Argentina

Pesquisador do Centro de Estudios sobre Genocídio (CEG/UNTREF), com bolsa de pós-doutorado CONICET. Doutor em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ).

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Publicado

31.07.2022

Como Citar

SOUZA SERRA, Marco Alexandre; JUSTINO, Diogo. Por uma política criminal não fascista. InSURgência: revista de direitos e movimentos sociais, Brasília, v. 8, n. 2, p. 295–324, 2022. DOI: 10.26512/revistainsurgncia.v8i2.44011. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/insurgencia/article/view/44011. Acesso em: 30 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê "IPDMS, 10 anos de história e desafios”