A Vastidão do Vazio – Lucrécio, Kant, Kopenawa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/rfmc.v9i3.43073

Palavras-chave:

Humanidade. Catástrofe. Vazio. Antropia. Crítica.

Resumo

O ensaio investiga a relação entre humanidade e catástrofe na cosmologia xamânica de Davi Kopenawa, comparada por aproximação à cosmologia venusiana de Lucrécio e por contraste à escatologia moral de Kant. Consideram-se a tese da instabilidade estrutural e dinâmica do céu e o problema do vazio cósmico. Procura-se então desenvolver a questão sobre a origem e o fim da humanidade através da catástrofe, tanto em sua dimensão ancestral, extra-humana, quanto em conexão com a atual destruição socioambiental, de origem antrópica. Como conclusão, especula-se acerca do papel desempenhado pelo pensamento crítico na irrupção da catástrofe.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marco Antonio Valentim, Universidade Federal do Paraná, UFPR

Professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Referências

ARANTES, P. O novo tempo do mundo, e outros estudos sobre a era da emergência. São Paulo: Boitempo, 2014.

BATESON, G. “The roots of ecological crisis”. In: BATESON, G. Steps to an ecology of mind. Northvale, Londres: Jason Aronson Inc., 1987, pp. 496-501.

BERGSON, H. A evolução criadora. Tradução de Bento Prado Neto. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

CHAKRABARTY, D. “O clima da história: quatro teses”. Tradução, coord. Idelber Avelar. Sopro, 91: 2-22, 2013. Disponível em [http://culturaebarbarie.org/sopro/n91.html]: acessado em [18/07/2021].

DANOWSKI, D., VIVEIROS DE CASTRO, E. Há mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins. Desterro (Florianópolis): Cultura e Barbárie, 2014.

DELEUZE, G. “Lucrécio e o simulacro”. In: G. Deleuze. Lógica do sentido. Tradução de Luiz Roberto Salinas Fortes. São Paulo: Perspectiva, 2003, pp. 273-286.

FAUSTO, J. “Ursula Baggins”. In: Cuadernos Materialistas, 7, pp. 23-28, 2021. Disponível em [https://colectivamateria.wixsite.com/cuadmaterialistas/7]: acessado em [28/08/2021].

GALZERANO, M. “Ending with world destruction: a closural device in Lucretius’ De rerum natura and its influence on later latin poetry”. In: Graeco-Latina Brunensia 22(1), pp. 43-55, 2017. Disponível em [http://hdl.handle.net/11222.digilib/136462]: acessado em [18/07/2021].

GEORGESCU-ROEGEN, N. “A degradação entrópica e o destino prometeico da tecnologia humana”. In: GEORGESCU-ROEGEN, N. O decrescimento: entropia, ecologia, economia. Jacques Grinevald e Ivo Rens (Orgs.) Tradução de Maria José Perillo Isaac. São Paulo: Senac, 2012, pp. 159-183.

GODDARD, J.-C. “Idiotia branca e cosmocídio: uma leitura de A queda do céu, de Davi Kopenawa e Bruce Albert”. In: R@U 9(2), pp. 29-38, 2017. Disponível em [https://www.rau2.ufscar.br/index.php/rau/article/view/216]: acessado em [18/07/2021].

KANT, I. Crítica da razão pura. Tradução de Manuela Pinto dos Santos, Alexandre Fradique Morujão. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.

KANT, I. Crítica da faculdade do juízo. Tradução de António Marques, Valerio Rohden. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002.

KANT, I. “O fim de todas as coisas”. Tradução de Floriano de Sousa Fernandes. In: KANT, I. Textos seletos. Petrópolis: Vozes, 2005, pp. 92-107.

KANT, I. Antropologia de um ponto de vista pragmático. Tradução de Clélia Aparecida Martins. São Paulo: Iluminuras, 2006.

KOPENAWA, D. “Fala Kopenawa! Sem floresta não tem história. Entrevista a Carlos M. Dias Jr. e Stelio Marras”. In: Mana 25(1), pp. 236-252, 2019. Disponível em [https://www.scielo.br/j/mana/a/qPGpf9LpDvTgHt3PFc48f8J/?lang=pt: acessado em [18/07/2021].

KOPENAWA, D., ALBERT, B. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. Tradução de Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

KOSELLECK, R. Crítica e crise: uma contribuição à patogênese do mundo burguês. Tradução de Luciana Villas-Boas Castelo-Branco. Rio de Janeiro: Contraponto, 1999.

KOSELLECK, R. “Terror e sonho: anotações metodológicas para as experiências do tempo no Terceiro Reich”. In: KOSELLECK, R. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Tradução de Wilma Patrícia Mass, Carlos Almeida Pereira. Rio de Janeiro: Contraponto, Editora PUC-Rio, 2006, pp. 247-265.

KOSELLECK, R. “Interesses gerais e particulares dos cidadãos no debate político sobre o meio ambiente”. In: KOSELLECK, R. Histórias de conceitos: estudos sobre a semântica e a pragmática da linguagem política e social. Tradução de Markus Hediger. Rio de Janeiro: Contraponto, 2020, pp. 533-542.

LE GUIN, U. K. Cheek by Jowl: talks and essays on how and why fantasy matters. Seattle: Aqueduct Press, 2009.

LE GUIN, U. K. “How it seems to me”. In: LE GUIN, U. K. So Far So Good. Final Poems: 2014-2018. Washington: Copper Canyon Press, 2018, p. 30.

LÉVI-STRAUSS, C. “Jean-Jacques Rousseau, fundador das ciências do homem”. In: C. Lévi-Strauss. Antropologia estrutural dois. Tradução de Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo: Cosac Naify, 2013, pp. 45-55.

LUCRÉCIO. A natureza das coisas, vols. I, II. Tradução de Antonio José de Lima Leitão. Lisboa: Typographia de Jorge Ferreira de Mattos, 1851.

LUCRÉCIO. De rerum natura – Sobre a Natureza das Coisas, ed. bil. Tradução de Rodrigo Tadeu Gonçalves. Belo Horizonte: Autêntica, 2021.

LUCRETIUS. On the nature of things. Tradução de W. H. Rouse. Cambridge: Harvard University Press (Loeb Classical Library 181), 1992.

MARQUES, L. Capitalismo e colapso ambiental, 2ªed. Campinas: Editora da Unicamp, 2016.

MARX, K. Diferença entre a filosofia da natureza de Demócrito e a de Epicuro. Tradução de Nélio Schneider. São Paulo: Boitempo, 2018.

NAIL, T. Lucretius I: An ontology of motion. Edinburgh: Edinburgh University Press, 2018.

ROMANDINI, F. L. Princípios de espectrologia. A comunidade dos espectros II. Tradução de Leonardo D’Ávila, Marco Antonio Valentim. Desterro (Florianópolis): Cultura e Barbárie, 2018.

ROMANDINI, F. L. “A peste e o fim dos tempos”. Tradução de Maurício Pitta. São Paulo: n-1 edições. Coleção Pandemia Crítica, 2020. Disponível em [https://www.n-1edicoes.org/textos/67]: acessado em [18/07/2021].

SAHLINS, M. The western illusion of human nature. Chicago: Prickly Paradigm Press, 2008.

SAITO, K. O ecossocialismo de Karl Marx: capitalismo, natureza e a crítica inacabada à economia política. Tradução de Pedro Davoglio. São Paulo: Boitempo, 2021.

SERRES, M. O nascimento da física no texto de Lucrécio: correntes e turbulências. Tradução de Péricles Trevisan. São Paulo: Editora Unesp, 2003.

Downloads

Publicado

31-12-2021

Como Citar

VALENTIM, Marco Antonio. A Vastidão do Vazio – Lucrécio, Kant, Kopenawa. Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, [S. l.], v. 9, n. 3, p. 273–292, 2021. DOI: 10.26512/rfmc.v9i3.43073. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/fmc/article/view/43073. Acesso em: 24 abr. 2024.