Do matricídio à placentação
DOI:
https://doi.org/10.26512/dasquestoes.v17i1.51315Palabras clave:
Matricídio, Placenta, Ontologia, Luce IrigarayResumen
O presente texto, apresenta dois momentos da filosofia de Luce Irigaray: a crítica à ontologia do matricídio e a proposta de uma ontologia atenta ao processo de placentação. Para isso dois textos são evocados: Le Corps à Corps avec la mère e À propos de l’ordre maternel. O texto acompanha as reflexões propostas pela autora belga, apontando que a atenção ao processo material de placentação pode dar origem a uma ontologia relacional que sirva de contraponto a um individualismo metafísico. Para apresentar os termos dessa oposição, o texto reflete sobre a panóptica do útero exemplificada pela imagem Spaceman de Lennart Nilsson: ao retratar o feto como um astronauta, Nilsson produz o apagamento da gestante. A figura está investida no processo de humanização do feto, e pela efetuação do matricídio como apagamento. A atenção para o processo de placentação, por outro lado, permite entender o processo coletivo de vir-a-ser. Na tensão (política) entre as duas ontologias, individualismo e relacionalidade estão em jogo e, por isso mesmo, estão também em jogo distintas formas de habitar o mundo.
Descargas
Citas
BARAD, Karen. Meeting the Universe Halfway: Quantum Physics and the entanglement of matter and meaning. London: Duke University Press, 2007
BARAD, Karen. Nature’s Queer performativity. KVINDER, KØN & FORSKNIN. No.1-2, 2012
BARAD, Karen. Performatividade pós-humanista: para entender como a matéria chega à matéria.Vazantes n.1, vol.1, p.8-34. 2017.
BENSUSAN, Hilan. Linhas de Animismo Futuro. Brasília, IEB Mil Folhas, 2017.
BENSUSAN, Hilan. FREITAS, Jadson. A diáspora da Agência: ensaio sobre o horizonte das monadologias. Salvador: Edufba, 2018.
BURTON, G.J. JAUNIAUX, E. What is the placenta? American Journal of Obstetrics and Gynecology 213(4): S6.e1–S6.e4, 2015.
BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
BUTLER, Judith. Bodies that Matter: On the discursive limit of sex. New York: Routledge, 1993.
BUTLER, Judith. Corpos que importam: os limites discursivos do “sexo”. São Paulo: n-1
edições, 2019.
CAVARERO, Adriana. Decir el Nacimiento. In: DIOTIMA. Traer al mundo el mundo: objeto y objetividad a la luz de la diferencia sexual. Madrid: Icaria Editorial, 1996.
CAVARERO, Adriana. In Spite of Plato: a feminist rewriting of ancient philosophy. New York: Polity Press, 1995.
CAVARERO, Adriana. Vozes Plurais: filosofia da expressão vocal. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
CIXOUS, Hélène. La Joven Nacida. In: CIXOUS, Hélène. La risa de la Medusa: Ensayos sobre la Escritura. Madrid: Anthropos, 1995.
DE BIE, et.al. Artificial placenta and womb technology: Past, current, and future challenges towards clinical translation. Prenatal Diagnosis. 2021;41:145–158.
DESPRET, Vinciane. From secret agents to interagency. History and Theory, Theme Issue 52 (December 2013), 29-44.
FARIA, Ernesto. Dicionário Escolar Latino-Português. Rio de Janeiro: FAE, 1994.
FREEMAN, Lauren. “Confronting Diminished Epistemic Privilege and Epistemic Injustice in Pregnancy by Challenging a Panoptics of the Womb”. Journal of Medicine and Philosophy, n. 40, p. 44-68, 2015.
GLARE, P.G.W (ed). Oxford Latin Dictionary. London : Oxford University Press, 1976
HARAWAY, Donna J. Simians, cyborgs, and women: The reinvention of nature. New York: Routledge, 1991.
HARAWAY, Donna J. Manifesto ciborgue: ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. In: SILVA, Tomas Tadeu da (org). Antropologia do Ciborgue: as vertigens do pós-humano. Belo Horizonte: Autêntica, 2000a.
HARAWAY, Donna. How Like a Leaf: an interview with Thyrza Nichols Goodeve. New York: Routledge, 2000b.
HARAWAY, Donna. The Promises of Monsters: a regenerative politics for inappropriate/d others. In: HARAWAY, Donna. The Haraway reader New York: Routledge, 2004a.
HARAWAY, Donna. Crystal, Fabrics, and Fields: Metaphors that shape Embryos. Berkley:North Atlantic Books, 2004b.
HARAWAY, Donna J. Staying with the trouble: Making Kin in the Chthulucene. Duke
University Press, 2016.
HARAWAY, Donna. Modest-Witness@Second-Millennium.FemaleMan-Meets-OncoMouse:
feminism and technoscience. NewYork: Routledge, 2018a.
HARAWAY, Donna. Making Kin in the Chthulucene: Reproducing Multiespecies Justice. In: CLARKE, Adele. HARAWAY, Donna. Making kin, not Population. Chicago: Prickly Paradigm Press, 2018b.
HARAWAY, Donna. FAUSTO, Juliana. CAVALIERI, Cecília. FELINTO, Marilene. Donna Haraway explica por que se deve fazer parentescos em vez de bebês - entrevista a Donna Haraway. Species PANFLETO DE ANTROPOLOGIA ESPECULATIVA, no. 0, ano 2021.
HOLLIN, Gregory et.al. (Dis)Entangling Barad: Materialisms and Ethics. Social Studies of Science 47, no. 6 (December 2017): 918–41. doi:10.1177/0306312717728344
IRIGARAY, Luce. Speculum de l'autre femme. Paris: Minuit, 1974.
IRIGARAY, Luce. Speculum of the Other Woman. Ithaca NY: Cornell University Press, 1985.
IRIGARAY, Luce. A propos de l’ordre maternel. In: Je, Tu, Nous: pour une culture de la
différence. Paris: Éditions Grasset & Fasquelle, 1990.
IRIGARAY, Luce. Sexes and Genealogies. New York: Columbia University Press, 1993.
JAGGAR, Alison. “Reproduction” as male ideology. Women's Studies International Forum 8 (3):185-196, 1985.
MAHER, JaneMaree. Visibly Pregnant: toward a placental body. Feminist Review, 2002, n. 72, pp.95-107.
MONTANARI, T. Embriologia: texto, atlas e roteiro de aulas práticas. Porto Alegre, Tatiana Montanari, 2013. Disponível em: http://www.ufrgs.br/livrodeembrio. ISBN 978-85-915646-1-3
MURARO, Luisa. El orden simbólico de la madre. Madrid: HORAS y horas, 1994.
NIETZSCHE, Friedrich. Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-Moral. São Paulo: Hedra, 2007.
RICH, Adrienne. Of Woman Born: motherhood as experience and institution. New York: Norton & Co, 1995.
RICH, Adrienne. Homossexualidade compulsória e a existência lésbica & outros ensaios. Rio de Janeiro: A Bolha, 2019.
ROUCH, Hélène. Le placenta comme tiers. In: Langages, 21e année, n°85, 1987. Le sexe
linguistique. pp. 71-79.
SADEDIN, Suzanne. War in the Womb, Aeon, August 4, 2014. Disponível em:
https://aeon.co/essays/why-pregnancy-is-a-biological-war-between-mother-and-baby acesso em 15 de setembro de 2021.
SHELDON, Rebekah. The child to come: life after the human catastrophe. Minneapolis :
University of Minnesota Press, 2016.
STONE, Alison. Luce Irigaray and the Philosophy of Sexual Difference. Cambridge: Cambridge University Press, 2006.
STONE, Alison. An Introduction to Feminist Philosophy. Cambridge: Polite Press, 2007.
STONE, Alison. Being Born: Birth and Philosophy. Oxford: Oxford University Press, 2019.
STRATHERN, Marilyn. Reproducing the Future: essays on anthropology, kinship and the new reproductive technologies. Manchester: Manchester University Press, 1992.
WUENSCH, Ana Miriam. Ser natal: Arendt, natalidade e pluralidade. IN: BENSUSAN, H. CABRERA, J. WUENSCH, A.M. A moral do começo: sobre a ética do nascimento. Porto Alegre, Editora Fi, 2019.
YOSHIZAWA, Rebecca Scott. Fetal–Maternal Intra-action: Politics of New Placental Biologies. The New Biologies. 2016, Vol. 22(4) 79–105.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2023 Das Questões
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by-nc/4.0/88x31.png)
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial 4.0.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.