Redobro da negação pós-verbal e deslocamento à direita

Autores

  • Rerisson Cavalcante de Araújo Universidade Federal da Bahia

Palavras-chave:

negação pós-verbal, deslocamento à direita, redobro da negação

Resumo

Esse squib trata de casos de aparente redobro do marcador negativo pós-verbal não, documentado em dados do Atlas Linguístico do Brasil. O fenômeno traz problemas para a descrição das negativas do português brasileiro (PB), pois sugere a existência de mais dois padrões de negação sentencial, [neg-V-neg-X-neg] e [V-neg-X-neg], em que X corresponde a um complemento verbal do tipo DP, PP ou InfP, em adição aos já amplamente conhecidos [neg-VP], [neg-VP-neg] e [VP-neg]. A posição do constituinte entre os dois marcadores pós-verbais pode ser vista como resultando de deslocamento à direita do sintagma complemento, mas essa análise ainda não dá conta do fenômeno de redobro do marcador negativo. O trabalho mostra, porém, que os dados podem ser derivados corretamente se for adotada uma análise para o deslocamento à direita que não considere que esse fenômeno é gerado por movimento do XP “deslocado” dentro da própria sentença, mas como resultado de uma estrutura de justaposição e elipse sentencial (cf. TANAKA, 2001; OTT; VRIESS, 2016). O redobro aparente da negação pode ser visto como argumento adicional para análises que derivam o deslocamento à direita por justaposição e elipse sentencial ao invés de por movimento de constituinte para a direita, por movimento de remanescente ou mesmo por geração direta na base.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Downloads

Publicado

30.04.2020