Em favor de raízes sem diacríticos

Autores

  • Claudia Souza Coelho Universidade de São Paulo
  • Paulo Ângelo Araújo-Adriano Universidade Estadual de Campinas

Palavras-chave:

diacrítico de raízes, diacrítico de classe, diacrítico de gênero, raízes sem diacrítico

Resumo

Muitos autores assumem e até propõem que raízes possuem diacríticos para lidar com certas informações gramaticais dependentes das raízes, como classe e gênero (cf. EMBICK; HALLE, 2005; OLTRA-MASSUET, 1999; HARRIS, 1999; ALCÂNTARA, 2010; BASSANI; LUNGUINHO, 2011; entre outros). Entretanto, mesmo com o sistema computacional operando sobre raízes sem diacríticos, os fenômenos que motivam a existência dessas marcações (cf. autores acima) podem ser derivados, como será exemplificado com a marcação de gênero e classe neste squib, marcações comumente estudadas. Em vista disso, nosso objetivo é defender a adiacriticidade das raízes, a partir de fenômenos já explorados na literatura. Para tanto, trazemos algumas evidências que sugerem que raízes não possuem traço de classe, a partir de Acquaviva (2009), e outras evidências relacionadas a gênero, trabalhadas em Resende e Santana (2019). Todas parecem sugerir que introjetar diacríticos nas raízes não só cria um problema teórico como também coloca em xeque a eficiência computacional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ACQUAVIVA, Paolo. Roots and lexicality in Distributed Morphology. In: GALANI, Alexandra; REDINGER, Daniel; YEO, Norman (ed.). YPL2, v. 10 – York Essex Morphology Meeting. University of York, 2009.

ALCÂNTARA, Cíntia da Costa. As classes formais do português brasileiro. Letras de Hoje. Porto Alegre, v. 45, n. 1, p. 5-15, 2010.

BASSANI, Indaia; LUNGUINHO, Marcus Vinicius. Revisitando a flexão verbal do português à luz da Morfologia Distribuída: um estudo do presente, pretérito imperfeito e pretérito perfeito do indicativo. Revista Virtual de Estudos da Linguagem. Porto Alegre, edição especial, n. 5, p. 1-29, 2011.

EMBICK, David. Voice asymmetries and the syntax/morphology interface. MIT Working papers in Linguistics, Cambridge, v. 32, p. 41-72, 1997.

EMBICK, David; HALLE, Morris. On the Status of Stems in Morphological Theory. In: GEERTS, T.; JACOBS, H. (ed.). Proceedings of Going Romance 2003. Amsterdam-Philadelphia: John Benjamins. p. 58-59, 2005.

HALLE, Morris; MARANTZ, Alec. Some key features of Distributed Morphology. In: CARNIE, A.; HARLEY, H. (ed.). MIT Working Papers in Linguistics 21: Papers on phonology and morphology. Cambridge: MITWPL, p. 275-288, 1994.

HARRIS, James. The Syntax and Morphology of Class Marker Suppression in Spanish. In: ZAGONA, K. (ed.). Grammatical Theory and Romance Languages. Amsterdam-Philadelphia: John Benjamins. p. 99-122, 1996.

HARRIS, James. Nasal depalatalization no, morphological well-formedness si: the structure of Spanish word classes. MIT Working papers in Linguistics. Cambridge, v. 33, p. 47-82, 1999.

MERCHANT, Jason. Roots don’t select, categorial heads do: lexical-selection of PPs may vary by category. The Linguistic Review. Berlim, v. 36, n. 3, p. 325–341, 2019.

OLTRA-MASSUET, Isabel. On the notion of theme vowel: a new approach to Catalan verbal morphology. 1999. 89f. Tese (Doutorado em Linguística) – Instituto de Tecnologia de Massachusetts, Cambridge.

RESENDE, Maurício; SANTANA, Beatriz Pires. A relação entre raízes, gênero, classe e significado. Revista da Abralin, v.18, n. 1, p. 2-55, 2019.

RESENDE, Maurício. Morfologia Distribuída e as peças da nominalização: morfofonologia, morfossintaxe, morfossemântica. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Estadual de Campinas, 2020.

SANTANA, Beatriz Pires. Morfologia Ornamental: as vogais temáticas do português brasileiro. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Federal do Paraná, 2019.

Downloads

Publicado

07.11.2022