Intimidades expostas: a era tipográfica, a introspecção, a sinceridade e o romance
DOI:
https://doi.org/10.26512/cerrados.v32i63.43109Parole chiave:
Gramatologia, Sinceridade, RomanceAbstract
O presente artigo propõe explorar as relações entre o surgimento do romance moderno, a mudança de consciência promovida pela transformação da cultura lecto-oral em uma cultura tipográfica, comentada por Walter Ong, e a ascensão do conceito de sinceridade como valor moral, descrita na obra de Lionel Trilling. Observa-se que o valor dado à sinceridade decorre do desenvolvimento de uma sociedade burguesa sustentada pela divisão entre um mundo público (hostil e marcado pela dissimulação da vida social) e um mundo privado, entendido como santuário e refúgio, o que fornece um espaço ideal não apenas para o hábito solitário da leitura de romances, mas também para se promover a introspecção. A criação de personagens dotados de uma vida interior complexa, como os que começam a povoar os romances dos séculos XVIII e XIX, que mantêm um contato íntimo com o leitor, expondo uma privacidade que até pouco tempo atrás sequer existia como conceito, é uma inovação que deriva desse contexto, ao mesmo tempo em que o reforça, na medida em que conduz os leitores a refletirem sobre sua própria experiência de vida.
Downloads
Riferimenti bibliografici
ASSIS, Joaquim Maria Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998.
AUERBACH, Erich. Mimesis. São Paulo: Perspectiva, 1971.
BALL, Patricia M. Sincerity: The Rise and Fall of a Critical Term. The Modern Language Review, Vol. 59, No. 1 (Jan., 1964), pp. 1-11.
COSTA LIMA, L. Dispersa demanda. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1981.
ESTERHAMMER, Angela. The Scandal of Sincerity: Wordsworth, Byron, Landon. In: MILNES, Tim & SINANAN, Kerry (ed.). Romanticism, Sincerity and Authenticity. Nova York: Palgrave Macmillan, 2010.
GAY, Peter. The Naked Heart: The Bourgeois Experience Victoria to Freud. Nova York: W. W. Norton & Company, 1995.
GOLOMB, Jacob. In Search of Authenticity: From Kierkegaard to Camus. Nova York: Routledge, 1995.
GOODY, Jack. Myth, Ritual and the Oral. Cambridge: Cambridge UP, 2010.
GREANEY, Patrick. Untimely Beggar: Poverty and Power from Baudelaire to Benjamin. Mineápolis, MN: University of Minnesota Press, 2008.
GREEN, André. “O desligamento”. In: GREEN, André. O desligamento – psicanálise, antropologia e literatura. Tradução de Irène Cubric. Rio de Janeiro: Imago, 1994.
OLIVEIRA, Irenísia Torres de. O lugar social do narrador morto: enunciação e interlocução nas Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Brasiliana: Journal for Brazilian Studies. Vol. 7, n.1 (2018).
ONG, Walter J. Orality and Literacy. Nova York: Routledge, 1982.
SANTIAGO, Silviano. Suas cartas, nossas cartas. In: ANDRADE, Carlos Drummond de. ANDRADE, Mário de. Correspondência Mário de Andrade e Carlos Drummond de Andrade. Rio de Janeiro: Bem Te Vi, 2002.
SCHMITT, Juliana. Mortes Vitorianas: Corpos, luto e vestuário. São Paulo: Alameda, 2010.
SCHWARZ, Roberto. Um avanço literário. Literatura E Sociedade, 15 (13), 2010, pp. 234-247.
TAYLOR, Charles. The Ethics of Authenticity. Cambridge, MA: Harvard UP, 1991.
TRILLING, Lionel. Sincerity and Authenticity. The Charles Eliot Norton Lectures, 1969-1970. Cambridge, MA: Harvard UP, 1971.
WATT, Ian. Realism and the novel form. In: WALDER, Dennis (org.). The Realist Novel. Londres: Routledge, 1996.
##submission.downloads##
Pubblicato
Come citare
Fascicolo
Sezione
Licenza
Copyright (c) 2023 Revista Cerrados
TQuesto lavoro è fornito con la licenza Creative Commons Attribuzione 4.0 Internazionale.
Proibida a reprodução parcial ou integral desta obra, por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por processo xerográfico, sem permissão expressa do editor (Lei n. 9.610 de 19/2/1998 )