“NO MEIO DAQUELE CEMITÉRIO BRINCAVA UM RAIO DE SOL”: SÁTIRA E MALANDRAGEM EM UM CONTO DE MACHADO DE ASSIS
Palavras-chave:
“Ideias de canáriol”, Sátira, Elementos fabulosos, Dialética da malandragemResumo
O texto investiga a presença de componentes fabulosos, da dimensão do extraordinário, no conto “Ideias de canário”, de Machado de Assis, como um modo de composição satírico associado a elementos relacionados à “dialética da malandragem”, tal como definida por Antonio Candido em seu estudo sobre o romance Memórias de um sargento de milícias. A partir do debate, no interior da crítica dialética brasileira, acerca da malandragem, este artigo procura pelo sentido histórico de uma possível sátira malandra, que, animada pela astúcia que caracteriza personagens de formas artísticas populares, como o folclore e os contos de fadas, configura um mundo sem culpa e livre da violência mítica que, em tempos hostis, ameaça a construção de um futuro histórico efetivamente humano.
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