O indigenismo na montagem da nação Contrastes e convergências entre Brasil e Argentina

Autores

  • Alcida Rita Ramos

Palavras-chave:

indigenismo, Brasil, Argentina, nacionalidade

Resumo

Ao se constituírem como nações independentes, os países americanos tiveram, necessariamente, que levar em conta a presença dos povos indígenas que já habitavam seus territórios. Tomando como casos exemplares o Brasil e a Argentina, com seus grandes contrastes e suas convergências, o artigo analisa as maneiras como “o índio” serviu para pensar ambas as nações. O primeiro tran sfo rm o u -o em símbolo de nacionalidade, incluindo-o na tríade mestra composta por europeus, negros e índios. A segunda montouse a partir da negação dos índios, vistos como protótipos da barbárie a ser combatida pelas armas e pela invisibilidade. Ironicamente, o tratamento “humanista” que o Brasil dispensou aos seus indígenas, pela via da “pacificação” e da proteção de suas terras, resultou em que, atualmente, sua população indígena reduz-se a cerca de metade da população indígena argentina, apesar de tentativas de erradicação como foi a “Conquista do Deserto”.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALENCAR, José de. O Guarani. In: Romances Ilustrados de José de Alencar. Vol. 1 (I. Formação da Nacionalidade - A. Aborígenes). Rio de Janeiro: )osé Olympio Editora, 1967[1857J.
ANDREWS, George Reid. The Afro-Argentines of Buenos Aires 1800-1900. Madison: University of Wisconsin Press, 1980.
AZEVEDO, Marta Maria. “Povos Indígenas na América Latina estão em Processo de Crescimento”. In: Ricardo, Beto & Ricardo, Fany (orgs.).
Povos Indígenas no Brasil 2001/2005. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2006. p p .55-58. I1AKHTIN, M. M. Speech Genres & Other Late Essays. Austin: University of Texas Press, 1986.
IIORGES, Jorge Luis. El Martin Fierro. Buenos Aires: Emecé, 2005.
HRIONES, Claudia. “Mestizaje y blanqueamiento como coordenadas de jiboriginalidad y nación en Argentina”. Runa XXIII, pp. 61-88, 2002.
__________ . (Meta) cultura del Estado-nación y estado de la (meta) cultura. 1’opayán: Editorial Universidad dei Cauca, 2005.
__________ . “Questioning state geographies of inclusion in Argentina: The cultural politics of organizations with Mapuche leadership and
philosophy”. In: Sommer, Doris (org.). Cultural Agency in the Americas. Durham: Duke University Press, 2006. pp. 248-278.
HRIONES, Claudia & CARRASCO, Morita. Pacta Sunt Servanda: ( 'apitulaciones, convênios y tratados con indígenas en Pampa y Patagonia (Argentina 1742-1878). Copenhague: IWGIA Documento N° 29, 2000.
HRIONES, Claudia & DELRIO, Walter. “Patria si, colonias también. Estratégias diferenciadas de radicación de indígenas en Pampa y Patagonia (1885-1900)” . In: Teruel, Ana; Lacarrieu, Mónica & Jerez, Omar (orgs.). Fronteras, Ciudadesy Estados. Córdoba: Alción Editora,
2002. p p . 45-78.
CÂNDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia, 1993 [1975].
CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. A Sociologia do Brasil Indígena. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1972.
CARRASCO, Morita & BRIONES, Claudia. La Tierra que nos Quitaron. Copenhague: Documento IWGIAN0 18, 1996.
DIAS, Gonçalves. I-Juca-Pirama e Os timbiras. São Paulo: Difusão Cultural do Livro, 2006[1851].
FAUSTO, Boris & Devoto, Fernando ). Brasil e Argentina: Um ensaio de história comparada (1850-2002). São Paulo: Editora 34, 2004.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. 29. ed. Rio de Janeiro: Record, 1992[1933).
GAGLIARDI, José Mauro. O Indígena e a República. São Paulo: Hucitec/ Edusp/Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, 1989.
GORDILLO, Gastón & HIRSCH, Silvia. “Indigenous struggles and contested identities in Argentina”. The Journal o f Latin American Anthropology, 8(3):4-30, 2003.
GROSSO, José Luis. Indios Muertos, Negros Invisibles: La identidad “Santiaguena” en Argentina. Tese de Doutorado, Departamento de Antropologia, Universidade de Brasília, 1999.
JONES, Kristine L. “Calfucurá and Namuncurá: Nation builders of the Pampas”. In: Ewell, Judith & Beezley, William H. (orgs.). The Human Tradition in Latin America: the nineteenth century. Delaware: SR Books, 1989. pp. 175/186.
LEITE, Dante Moreira. O Caráter Nacional Brasileiro: História de uma Ideologia. São Paulo: Editora ática, 1992.
LENTON, Diana I. “Los dilemas de la ciudadanía y los índios-argentinos: 1880-1950” . Publicar”” En antropologia y Ciências Sociales. Revista dei Colégio de Graduados en Antropologia, VII, n.VIII, PP- 7-30, 1999.
___________ . “Debates parlamentados y aboriginalidad: cuando la oligarquia perdió una batalla (pero no la guerra)”. Papeies de Trabajo 9, pp. 7-36. Centro Interdisciplinario de Ciências Etnolinguísticas y Antropológico-Sociales, 2001.
MANSILLA, LucioV. Una Excursion a los índios Ranqueles. 2vols. Buenos Aires: Ediciones Jackson, 1944[ 1970].
MARTÍNEZ SARASOLA, Carlos. Nuestros Paisanos los índios. Buenos Aires: Emecé, 2005.
MELATTI, Julio Cezar. índios do Brasil. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 1980. 3.ed. São Paulo: Hucitec, 1980. 1
MELO FRANCO, Afonso Arinos de. O índio Brasileiro e a Revolução Francesa (as origens brasileiras da teoria da bondade natural). Rio de Janeiro/Brasília: Livraria José Olympio Editora/Instituto Nacional do Livro, 1976[1936].
OLIVEIRA, João Pacheco de. “Entering and leaving the ‘melting pot’: A history of Brazilian Indians in the national censuses”. Journal of Latin american anthropology 4(2)-5(1), pp.190-211, 2000.
PIGNA, Felipe. Los Mitos de la História Argentina, vol. 2. Buenos Aires: Planeta, 2004.
QUIJADA, Monica; BERNAND, Carmen & SCHNEIDER, Arnd. Homogeneidad y nación con un studio de caso: Argentina, siglos XIX y XX. Madri: Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 2000.
RAMOS, Alcida Rita. “The Hyperreal Indian”. Critique of Anthropology, ! 14, pp. 153-171, 1994.
__________ . Indigenism: Ethnic Politics in Brazil. Madison: University of Wisconsin Press, 1998a.
__________ . “Convivência interétnica en Brasil: Los indios y la nación brasilena”. In: Bartolomé, Miguel & Barabas, Alicia (orgs.). Autonomias Étnicas y Estados Nacionales. México: Conaculta-INAH, 1998b. pp. 195
RIBEIRO, Darcy. Os índios e a Civilização: a integração das populações indígenas no Brasil moderno. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1970.
ROSALDO, Renato. Culture and Truth: the remaking of social analysis. Boston: Beacon Press, 1989.
SAID, Edward. Orientalism. Nova York: Vintage Books, 1979.
SILVA, Carmen Lucia da. Sobreviventes do Extermínio: Uma etnografia das narrativas e lembranças da sociedade xetá. Dissertação de Mestrado, D ep a rtam en to de Antropologia, Universidade Federal de Santa Catarina, 1998.
SOUZA LIMA, Antonio Carlos de. Um Santo Soldado. Comunicação 21. Rio de Janeiro: Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Museu Nacional, 1990.
___________. Um Grande Cerco de Paz: Poder tutelar, indianidade e formação do Estado no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1995.
SPIVAK, Gayatri C. “Translator’s preface”. In: Derrida, Jacques. Of Gramatology. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1977. pp. ixlxxxvii.
TURNER, Frederick Jackson. The Frontier in American History. Nova York: Henry Holt and Company, 1921.
VINAS, David. Indios, Ejército y Frontera. Buenos Aires: Santiago Arcos, 2003 [1982].
VIVEIROS, Esther de. Rondon Conta Sua Vida. Rio de Janeiro: Cooperativa Cultural de Esperantistas, 1969.
WALTER, Juan Carlos. La Conquista del Desierto: Lucha defrontera con El indio. Buenos Aires: Editorial Universitaria de Buenos Aires, 19 8 0 [1948].

Downloads

Publicado

2018-02-21

Como Citar

Ramos, Alcida Rita. 2018. “O Indigenismo Na Montagem Da nação Contrastes E Convergências Entre Brasil E Argentina”. Anuário Antropológico 33 (1):27-59. https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6966.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.