Intelectuais indígenas abraçam a antropologia. Ela ainda será a mesma?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.4000/aa.10471

Palavras-chave:

educação superior, estudantes indígenas, antropologia ecumênica

Resumo

Com o ingresso crescente de indígenas nos cursos de pós-graduação em antropologia, está-se gestando uma ala de intelectuais indígenas que, portadores de seus próprios saberes, têm grande potencial de desafiar as certezas da disciplina e influir no traçado de seus rumos. Espera-se que a adesão indígena ao campo antropológico contribua para expor ilusões, falácias, cegueiras e contradições e tirá-lo de seu atual estado letárgico, provocando uma guinada para uma “antropologia ecumênica”, capaz de acolher e se beneficiar de saberes que atualmente são apenas matéria-prima para teorias nem sempre pertinentes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Alcida Rita Ramos, Universidade de Brasília

Alcida Rita Ramos é Professora Titular Emérita da Universidade de Brasília e Pesquisadora Sênior 1A do CNPq. Dedicou-se à pesquisa empírica entre os Sanumá, subgrupo Yanomami, desenvolveu o projeto “Indigenismo Comparado”, focalizando Brasil, Argentina e Colômbia, e atualmente aborda o tema “Realidades Indígenas, Utopias Brancas”. Acompanha a trajetória de intelectuais indígenas, especialmente no Brasil. Com mais de uma centena de artigos, publicou também o opúsculo Sociedades Indígenas (Ática, 1988) e os livros Sanumá Memories: An Ethnography in Times of Crisis (1995), Indigenism: Ethnic Politics in Brazil (1998), ambos pela University of Wisconsin Press, e organizou os volumes Hierarquia e Simbiose: Relações Intertribais no Brasil (Hucitec, 1980) e Constituições Nacionais e Povos Indígenas (UFMG, 2012), também em espanhol (Universidad del Cauca, 2014).

Referências

Albert, Bruce, e Alcida Rita Ramos, eds. 2000. Pacificando o Branco: Cosmologias do contato no Norte-Amazônico. São Paulo: Unesp.

DOI : 10.4000/books.irdeditions.24689

Anderson, Benedict. 1983. Imagined communities. Londres: Verso.

Baniwa, Braulina, Cruz Tuxá, Felipe & Terena, Luiz Eloy (eds.) 2020. Pandemia da Covid-19 na vida dos povos indígenas. Vukápanavo. Revista Terena 3: 1-400. https://apiboficial.org/ files/2021/02/Revista-Vuka%CC%81panavo-Covid-19-e-povos-indi%CC%81genas-.pdf

Baniwa, Gersem. 2006. O índio brasileiro: O que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil hoje. Brasília: MEC/Unesco.

Baniwa, Gersem. 2008. Antropologia indígena: O caminho da descolonização e da autonomia indígena. Trabalho apresentado na 26ª Reunião Brasileira de Antropologia, 1-4 de junho, Porto Seguro, Bahia.

Baniwa, Gersem. 2011. “Educação para manejo e domesticação do mundo entre a escola ideal e a escola real: Os dilemas da educação escolar indígena no Alto Rio Negro”. Tese de doutorado, Departamento de Antropologia, Universidade de Brasília.

Baniwa, Gersem. 2012. “Apresentação”. In Olhares indígenas contemporâneos II, editado por Gersem Baniwa, Maria Barroso Hoffmann e Jô Cardoso de Oliveira, 8–11. Brasília: Centro Indígena de Estudos e Pesquisas (CINEP).

Baniwa, Gersem. 2015. Indígenas antropólogos: Desafios e perspectivas. Novos Debates/ABA 2, nº 1: 2–17.

DOI : 10.48006/2358-0097-2127

Bergamaschi, Maria Aparecida. 2014. Intelectuais indígenas, interculturalidade e educação. Tellus 14, nº 26: 11–29.

Cajete, Gregory. 2000. Native Science. Natural laws of interdependence. Santa Fe: Clear Light Publishers.

Constant, Jósimo. 2017. Entrevista a Angela Pinho. Folha Digital, 09/09/2017. https://search.folha.uol.com.br/?q=J%C3%B3simo&site=todos

Cruz, Felipe Sotto Maior. 2017. Indígenas antropólogos e o espetáculo da alteridade. Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas, nº 11: 93–108.

DOI : 10.21057/10.21057/repamv11n2.2017.26104

Fernandes, Florestan. 2009. A investigação etnológica no Brasil e outros ensaios. 2ª ed. São Paulo: Globalrevista.

Feyerabend, Paul. 1975. Against method. Londres: Verso.

Fixico, Donald. 2003. The American Indian mind in a linear world. Londres: Routledge.

DOI : 10.4324/9780203954621

Freitas, Ana Elisa de Castro, ed. 2015. Intelectuais indígenas e a construção da universidade pluriétnica no Brasil. Rio de Janeiro: LACED; e-papers.

Goffman, Erving. 1959. The presentation of self in everyday life. Garden City: Doubleday Anchor Books.

Gramsci, Antonio. 1981. Os intelectuais e a organização da cultura. São Paulo: Círculo do Livro.

Itzmná, Ollantay. 2015. “Qué paradoja: Ellos dicen tener filosofía, nosotros, únicamente cosmovisión“. Susurros del silencio. https://ollantayitzamna.com/2015/ 12/03/225/

Lévi-Strauss, Claude. 1962. La Pensée Sauvage. Paris: Plon.

Lévi-Strauss, Claude. 1966. Anthropology: Its achievements and future. Current Anthropology 7, nº 3:124–127.

Lévi-Strauss, Claude. 1993. História de Lince. São Paulo: Companhia das Letras.

Lima, Antonio Carlos de Souza, e Maria Barroso-Hoffmann, eds. 2007. Desafios para uma educação superior para os povos indígenas no Brasil. Políticas públicas de ações afirmativas e direitos culturais diferenciados. Rio de Janeiro: LACED; Fundação Ford; CNPq; FAPERJ.

Lima, Antonio Carlos de Souza. 1995. Um grande cerco de paz: Poder tutelar, indianidade e formação do Estado no Brasil. Petrópolis: Vozes.

Lima, Antonio Carlos de Souza. 2007. “Educação superior para indígenas no Brasil. Sobre cotas e algo mais”. Seminário Formação Jurídica e Povos Indígenas: Desafios para uma educação superior, Belém, Pará, 21-23 de março.

Lima, Antonio Carlos de Souza. 2015. “Prefácio”. In Intelectuais indígenas e a construção da universidade pluriétnica no Brasil, editado por Ana Elisa de Castro Freitas, 7–8. Rio de Janeiro: LACED/ e-papers.

Little, Paul (ed.). 2010. Conhecimentos tradicionais para o século XXI. Etnografias da intercientificidade. São Paulo: Annablume.

Medaets, Chantal, José Maurício Arruti, e Flávia Longo. 2022. O crescimento da presença indígena no ensino superior. Nexo Políticas Públicas. Afro (Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial/GEMAA – Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa). https://pp.nexojornal.com.br/ opiniao/2022/O-crescimento-da-presen%C3%A7a-ind%C3%ADgena-no-ensino-superior

Pina-Cabral, João de. 2010. Lusotopia como ecúmene. Revista Brasileira de Ciências Sociais 25, nº 74: 5–20.

Pratt, Mary Louise. 2011. “La antropología y la desmonopolización del pensamiento social“. In Antropología ahora, editado por Alejandro Grimson, Silvina Merenson, e Gabriel Noel, 49–59. Buenos Aires: Siglo Veintiuno.

Ramos, Alcida Rita. 1994. The hyperreal Indian. Critique of Anthropology 14: 153–171.

DOI : 10.1177/0308275X9401400203

Ramos, Alcida Rita. 1998. Indigenism: Ethnic politics in Brazil. Madison: University of Wisconsin Press.

Ramos, Alcida Rita. 2000. Projetos indigenistas no Brasil independente. Etnográfica 4: 267–283.

DOI : 10.4000/etnografica.2764

Ramos, Alcida Rita. 2008. “Disengaging anthropology“. In A Companion to Latin American Anthropology, editado por Deborah Poole, 466–484. Oxford: Blackwell.

Ramos, Alcida Rita. 2012. A midwinter afternoon’s dream. The utopia of a cosmopolitan anthropology. World Anthropologies Network (electronic journal) 6: 111–121.

Ramos, Alcida Rita. 2014. “Mentes indígenas y ecúmene antropológico“. In Antropologías contemporáneas. Saberes, ejercícios y reflexiones, editado por Débora Betrisey, e Silvina Merenson, 35–55. Buenos Aires: Miño y Dávila.

Ramos, Alcida Rita. 2015. “Sobre malentendidos interétnicos”. Universitas Humanística 80: 53–75.

DOI : 10.11144/Javeriana.UH80.smai

Ramos, Alcida Rita. 2018. “Por una crítica indígena de la razón antropológica”. Anales de Antropología 52, nº 1: 59–66.

DOI : 10.1016/j.antro.2017.01.003

Rivera Cusicanqui, Silvia. 1984. “Oprimidos pero no vencidos“. Luchas del campesinado Aymara y Qhechwa 1900-1980. La Paz: Hisbol-CSUTB.

Sarmento, Francisco. 2018. “O Médio Rio Negro Indígena: Aspectos históricos, socioculturais e panorama antropológico contemporâneo”. Dissertação de mestrado, Departamento de Antropologia, Universidade de Brasília.

Sioui, Georges E. 1992. For an Amerindian autohistory. Montreal: McGill-Queen’s University Press.

Tocqueville, Alexis de. 2003 [1835]. Democracy in America. Nova York: Penguin.

Trouillot, Michel-Rolph. 1991. “Anthropology and the Savage Slot: The poetics and politics of Otherness“. In Recapturing Anthropology. Working in the present, editado por Richard G. Fox, 17-44. Santa Fe, New Mexico: School of American Research.

Wilson, Shawn. 2008. Research is ceremony: Indigenous research methods. Halifax: Fernwood.

Worsley, Peter. 1987. The trumpet shall sound: A study of “cargo“ cults in Melanesia. 2ª ed. Nova York: Schocken.

Zapata Silva, Claudia, ed. 2007. Intelectuales indígenas piensan América Latina. Quito: Abya Yala.

Zapata Silva, Claudia. 2005. Origen y función de los intelectuales indígenas. Cuadernos Interculturales 3, nº 4: 65–87.

Zapata Silva, Claudia. 2008. Los intelectuales indígenas y el pensamento anticolonialista. Discursos/prácticas 2, nº 1: 113–140.

Zapata Silva, Claudia. 2013. Intelectuales indígenas en Ecuador, Bolivia y Chile. Diferencia, colonialismo y anticolonialismo. Quito: Abya Yala.

Downloads

Publicado

2023-04-28

Como Citar

Ramos, Alcida Rita. 2023. “Intelectuais indígenas abraçam a Antropologia. Ela Ainda Será a Mesma?”. Anuário Antropológico 48 (1):11-27. https://doi.org/10.4000/aa.10471.

Edição

Seção

PPGAS 50 Anos

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.