Réplica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.4000/aa.10526

Palavras-chave:

educação superior, estudantes indígenas, antropologia ecumênica, réplica

Resumo

Muito provavelmente, este é o primeiro debate acadêmico entre antropólogos interétnicos sobre o potencial de transformação da disciplina antropológica que a chegada de profissionais indígenas enseja. Após um rápido exame de textos escritos por indígenas em diversos países, não encontrei nada semelhante, apenas o tema recorrente, e compreensível, dos efeitos da colonização ocidental sobre povos indígenas ao redor do mundo. Antropólogos indígenas nos Estados Unidos, Canadá e outros países, principalmente das Américas, expõem as dificuldades que profissionais nativos enfrentam nos meios acadêmicos, mas não encontrei tentativas de influir no devir da disciplina. Importantes iniciativas, como as de Linda Tuhiwai Smith (Maori, Nova Zelândia), Margaret Kovach (First Nations, Canadá), Shawn Wison (Cree, Canadá), Gregory Cajete (Tewa, Estados Unidos) e Devon Mihesuah (Choctaw, Estados Unidos), entre muitas outras, concentram seus esforços na criação de métodos indígenas de investigação, ricas contribuições que ampliam o universo do conhecimento no âmbito acadêmico, mas o foco de atenção desses autores é desenvolver procedimentos científicos independentes dos cânones ocidentais. De nossa parte, pretendemos ir um pouco mais além: ao trazer procedimentos indígenas de produção e aquisição de conhecimento, almejamos transformar certos hábitos acadêmicos tradicionais, especificamente no campo da antropologia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Alcida Ramos, Universidade de Brasília

Alcida Rita Ramos é Professora Titular Emérita da Universidade de Brasília e Pesquisadora Sênior 1A do CNPq. Dedicou-se à pesquisa empírica entre os Sanumá, subgrupo Yanomami, desenvolveu o projeto “Indigenismo Comparado”, focalizando Brasil, Argentina e Colômbia, e atualmente aborda o tema “Realidades Indígenas, Utopias Brancas”. Acompanha a trajetória de intelectuais indígenas, especialmente no Brasil. Com mais de uma centena de artigos, publicou também o opúsculo Sociedades Indígenas (Ática, 1988) e os livros Sanumá Memories: An Ethnography in Times of Crisis (1995), Indigenism: Ethnic Politics in Brazil (1998), ambos pela University of Wisconsin Press, e organizou os volumes Hierarquia e Simbiose: Relações Intertribais no Brasil (Hucitec, 1980) e Constituições Nacionais e Povos Indígenas (UFMG, 2012), também em espanhol (Universidad del Cauca, 2014).

Referências

Cajete. Gregory. 2000. Native Science. Natural laws of interdependence. Santa Fe: Clear Light Publishers.

Fabian, Johannes. 1983. Time and the Other. How anthropology makes its object. Nova York: Columbia University Press.

DOI : 10.7312/fabi16926

Gadamer, Hans-George. 1975. Truth and Method. Nova York: Crossroads.

Kovach, Margaret. 2009. Indigenous Methodologies. Characteristics, conversations, and contexts. Toronto: The University of Toronto Press.

Kuhn, Thomas. 1962. The Structure of Scientific Revolutions. Chicago: The University of Chicago Press.

DOI : 10.1119/1.1969660

Lowenthal, David. 1985. The Past is a Foreign Country. Cambridge: Cambridge University Press.

Mihesuah, Devon A., org. 1998. Natives and academics. Researching and writing about American Indians. Lincoln: The University of Nebraska Press.

Smith, Linda Tuhiwai. 1999. Decolonizing Methodologies. Research and Indigenous Peoples. Londres: Zed Books.

Tocqueville, Alexis de. 2003. Democracy in America and Two Essays on America. Nova York: Penguin Books.

Wilson, Shawn. 2008. Research is Ceremony. Indigenous research methods. Halifax & Winnipeg: Fernwood Publishing.

Downloads

Publicado

2023-04-28

Como Citar

Ramos, Alcida. 2023. “Réplica”. Anuário Antropológico 48 (1):83-89. https://doi.org/10.4000/aa.10526.

Edição

Seção

PPGAS 50 Anos