Fechados no quarto de espelhos: o perspectivismo ameríndio e o “jogo comum” da antropologia

Autores

  • Filipe Verde

DOI:

https://doi.org/10.26512/anuarioantropologico.v42i1.2017/6207

Palavras-chave:

perspectivismo, teoria antropológica, historicismo, interpretação, verdade

Resumo

Este artigo estabelece um diálogo crítico com a corrente teórica que hoje domina os estudos etnológicos, o perspectivismo. Situando-o como uma manifestação tardia do projeto moderno, é posta em causa uma ideia que a antropologia herdou deste e que o perspectivismo toma também como sua: a assunção de uma descontinuidade, quando não mesmo irredutibilidade fundamental, entre modernidade e tradição. Contra essa assunção ”“ que põe em causa as intenções de uma relação simétrica entre nativo e etnólogo ”“, propõe-se uma redefinição humanística da disciplina que toma por guia a ideia segundo a qual os planos relevantes da reflexão etnológica são aqueles onde é possível identificar uma comensurabilidade entre os planos da verdade de diferentes culturas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANDERSON, Benedict. 2016. “Frameworks of comparison”. London Review of Books, 21 Jan: 15-18.
BARZUN, Jacques. 2000. From dawn to decadence ”“ 500 years of cultural history ”“ 1500 to the present. New York: HarperCollins.
BENHABIB, Seyla. 1999. “‘Nous’ et ‘les autres’: the politics of complex cultural dialogue in a global civilization”. In: Christian Joppke & Steven Lukes (eds.). Multicultural questions. Oxford: Oxford University Press.
BERLIN, Isaiah. 1974. “The divorce between the sciences and the humanities”. In: ______. Against the current ”“ essays in the history of ideas. Princeton, Princeton University Press, 1979. 80-110.
BOUDON, Raymond. 2009. O relativismo. Lisboa: Gradiva.
CALAVIA SAÉZ, Oscar. 2012. “Do perspectivismo ameríndio e o índio real”. Campos, 13(2):7-23.
GADAMER, Hans-Georg. 1961. Truth and method. London: Sheed & Ward.
GELLNER, Ernest. 1995. Anthropology and politics ”“ revolutions in the sacred grove. Oxford: Blackwell.
GELLNER, Ernest. 1998. Linguagem e Solidão ”“ uma interpretação do pensamento de Wittgenstein e Malinowski. Lisboa: Edições 70, 2001.
HALBMAYER, Ernst. 2012. “Debating animism, perspectivism and the construction of ontologies”. Indiana, 29:9-23.
HOLLIS, Martin. 1994. The philosophy of social science ”“ an introduction. Cambridge: Cambridge University Press.
INGOLD, Tim. 1993. “The art of translation in a continuous world”. In: Gísli Pálsson. Beyond boundaries ”“ understanding, translation and anthropological discourse. Oxford: Berg, 210-230.
INGOLD, Tim. 2000. The perception of environment ”“ essays on livelihood, dwelling and skill. London: Routledge.
JUDT, Tony. 2005. Pós-guerra ”“ história da Europa desde 1945. Lisboa: Edições 70.
MacINTYRE, Alasdair. 1982. After virtue: a study in moral theory. Notre Dame: University of Notre Dame Press.
NAGEL, Thomas. 1995. Other minds ”“ critical essays, 1969-1994. Oxford: Oxford University Press.
NUSSBAUM, Martha. 1986. The fragility of goodness ”“ luck and ethics in Greek tragedy and philosophy. Cambridge: Cambridge University Press.
RAMOS, Alcida Rita. 2012. “The politics of perspectivism”. Annual Review of Anthropology, 41:481-494.
RIVAL, Laura. 2012. “The materiality of life: revisiting the anthropology of nature in Amazonia”. In: Graham Harvey. The handbook of contemporary animism. Durham: Acumen. 92-100.
SANDEL, Michael. 2009. Justice: what’s the right thing to do? New York: Farrar, Straus and Giroux.
SCRUTON, Roger. 1995 A Short History of Modern Philosophy. London, Routledge.
TURNER, Terence. 2009. “The crisis of late structuralism: perspectivism and animism: rethinking culture, nature, spirit, and bodiliness”. Tipití, 7(1):3-40.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 1996. “Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio”. Mana, 2(2):115-144.
______. 2002a. “O nativo relativo”. Mana, 8(1):113-148.
______. 2002b. A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac Naify.
WEINSHEIMER, Joel. 1985. Gadamer’s hermeneutics: a reading of truth and method. New Haven: Yale University Press.
WILLIAMS, Bernard. 1981. Moral luck: philosophical papers 1973-1980. Cambridge: Cambridge University Press.
______. 1993. Shame and necessity. Berkeley: University of California Press.

Downloads

Publicado

2018-01-18

Como Citar

Verde, Filipe. 2018. “Fechados No Quarto De Espelhos: O Perspectivismo ameríndio E O ‘jogo comum’ Da Antropologia”. Anuário Antropológico 42 (1):137-69. https://doi.org/10.26512/anuarioantropologico.v42i1.2017/6207.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.