REDUÇÃO DE DANOS E POPULAÇÃO DE RUA EM FRANCA: cachimbos e latas
DOI:
https://doi.org/10.26512/abyayala.v4i2.34806Palavras-chave:
População de Rua, Redução de Danos, Cachimbos, Pesquisa-AçãoResumo
O artigo tem como objetivo compreender possibilidades de práticas de Redução de Danos a partir do questionamento de como o cachimbo/lata constitui a relação da pessoa em situação de rua com o crack. A experiência aqui relatada advém da realização, através da extensão Núcleo de Cidadania Ativa, de oficinas de cachimbo com os usuários do Centro POP de Franca, em parceria com o Consultório na Rua. Tais oficinas partem do pressuposto de que o que o consumo de crack é ritualizado em uma sequência estereotipada de gestos, dotada de um significado subjetivo, ao qual propostas de autorregulação na relação entre o indivíduo e substância podem ser construídas. Para tanto, fez-se uso da Pesquisa-Ação Existencial, de René Barbier. Como resultados, observamos manifestação de seis diferenciações entre a utilização do cachimbo ou da lata para o consumo de crack: efeitos, noções de saúde, disponibilidade de ferramentas, relação entre indivíduo-crack, espaço de consumo e produção da “resina”. Por fim, constatamos que trazer os cachimbos e latas para primeiro plano é uma estratégia para a constituição de vínculos entre profissionais e usuários; permitiu a aproximação entre a equipe do Consultório na Rua com as práticas que permeiam o consumo de crack e possibilidades de construção de noções de saúde nesse ritual; que a elaboração de cachimbos possui uma qualidade criativa, e em diálogo com o reaproveitamento de materiais descartados.
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