Memória e Odores: o debate entre biologia e sociologia em Norbert Elias como inspiração à compreensão dos usos sociais do olfato

Autores

  • Salete Nery Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.26512/cmd.v4i1.9155

Palavras-chave:

memória; olfato; odores; interdisciplinaridade.

Resumo

O desenvolvimento de um aparato biológico que possibilita o armazenamento de experiências e a síntese entre elas é fundamental à construção simbólica que especifica o humano. Assim, a memória é base para o conhecimento. Por sua vez, os cheiros são entendidos como fortes acionadores de memórias, ao mesmo tempo em que a acuidade olfativa é remetida aos animais. A construção do mundo humano civilizado teria tido, pois, como contraponto a retração do olfato em favor da visão, segundo argumento de Rousseau, Darwin, Freud, dentre outros. Enfim, qual é o lugar do olfato e dos cheiros em nossa época? A partir do debate entre sociologia e biologia feito por Norbert Elias, busca-se enfrentar interdisciplinarmente a questão da relação entre memória e odores para compreender o potencial orgânico do olfato e seus usos sócio-históricos.

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Biografia do Autor

Salete Nery, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Doutora em Ciências Sociais. Pós-doutoranda no Programa Memória: Linguagem e Sociedade (UESB), com bolsa CAPES. Docente no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Líder do Grupo de Pesquisa Corpo, Socialização e Expressões Culturais (ECCOS - UFRB). Pesquisadora do Grupo Cultura, Memória e Desenvolvimento (CMD - UnB). Áreas de atuação: Sociologia da Cultura; Moda; Consumo.

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Publicado

2016-08-06

Como Citar

Nery, S. (2016). Memória e Odores: o debate entre biologia e sociologia em Norbert Elias como inspiração à compreensão dos usos sociais do olfato. Arquivos Do CMD, 4(1), 14–37. https://doi.org/10.26512/cmd.v4i1.9155

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