Gênero e trauma

Autores

  • Gláucio Ary Dillon Soares
  • Dayse Miranda

Palavras-chave:

Violência urbana, Vítima oculta, Estresse pós-trauma, DEPT, Gênero

Resumo

As conseqüências sociais e psicológicas da violência urbana sobre os parentes e amigos de pessoas vitimadas por mortes violentas (homicídio, suicídio ou acidentes) são analisadas à luz das diferenças de gênero. A literatura especializada nesta área propõe que mulheres e homens vivenciam experiências traumáticas de forma peculiar. Porém, os traumas típicos são diferentes em cada gênero, deixando em aberto a questão sobre quanto das diferenças entre as respostas se devem a gênero e quanto se devem ao tipo de trauma. Testamos a hipótese de que as mulheres são mais suscetíveis à desordem de estresse pós-trauma (DEPT) numa situação traumática comum, usando dados qualitativos e quantitativos. Comparamos os sintomas do trauma e as percepções sobre o significado da perda de seus entes queridos. A amostra, de 425 mulheres (62%) e 265 homens (38%), foi retirada de uma lista de parentes de pessoas que sofreram morte violenta na cidade do Rio de Janeiro. Incluímos trinta relatos de parentes e amigos próximos das vítimas diretas. Os resultados revelaram que 54% das mulheres e 41% dos homens tiveram o cotidiano alterado depois da morte de um parente/amigo. Há diferenças estatisticamente significativas nos problemas de saúde e na diversão. Essa área foi a mais afetada, atingindo metade dos entrevistados. Uma variável intimamente correlacionada com os sintomas da DEPT é o contato com o corpo: controlando a extensão do contato (fez o reconhecimento do corpo; viu, mas não reconheceu e nem viu nem reconheceu). Em cada uma dessas categorias, as mulheres foram mais afetadas do que os homens. O artigo conclui que as mulheres sentem mais as perdas do que os homens, mas que parte das diferenças não são internas aos gêneros, mas externas a eles, dependendo das interações e dos contatos pessoais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Gláucio Ary Dillon Soares

Ph.D. em Sociologia, Washington University, St. Louis; pesquisador Datacrime e
Iuperj.

Dayse Miranda

Socióloga, mestre em sociologia pelo Iuperj, doutoranda do departamento de Ciência Política da USP e pesquisadora da Cepia (Cidadania, Estudos, Pesquisa, Informação e Ação) nas áreas de gênero e violência.

Downloads

Publicado

14-10-2011

Como Citar

Soares, G. A. D., & Miranda, D. (2011). Gênero e trauma. Sociedade E Estado, 20(1), 135–162. Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/sociedade/article/view/5142

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

Artigos Semelhantes

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.