A PRODUÇÃO DE CONTO DE FICÇÃO CIENTÍFICA NO ENSINO DE CIÊNCIAS

Autores

  • barbara de Azambuja Universidade Federal do Pampa
  • Rafael Kobata Kimura

DOI:

https://doi.org/10.26512/rpf.v8i2.52062

Palavras-chave:

Ensino de ciências. Ficção científica. Contos. Hidrostática.

Resumo

Este estudo investigou a produção de contos de Ficção Científica como recurso
didático no ensino de ciências. Com o objetivo de tornar as aulas de Física mais
abrangentes, contextualizadas e atraentes, foi planejada uma sequência didática que
abordava o conteúdo de hidrostática, que foi aplicada em uma escola estadual de
educação básica na cidade de Bagé-RS. A sequência didática, baseada na “Alegria
na Escola” de Georges Snyders, incluiu a leitura do livro "Vinte Mil Léguas
Submarinas" de Júlio Verne, apresentações em grupo, um jogo de trilha e
discussões sobre a Física e interpretação da narrativa. Ao final, com base nas ideias
de Jacob Bronowski, foi proposto aos estudantes que produzissem um conto de
Ficção Científica, sendo estes os dados coletados para investigação, foram
analisados à luz da Análise Textual Discursiva. A análise centrou-se em três
questões principais: (1) qual o potencial didático da produção de contos de Ficção
Científica no Ensino de Ciências?; (2) qual a definição implícita de Ficção
Científica que os estudantes tem?; (3) qual a visão que os estudantes têm da
ciência? Como resultado, a produção de contos mostrou ter um grande potencial,
ao fornecer subsídios para os estudantes exercitarem os seus espíritos criativos e
imaginativos, e de compreender a Física dentro de um contexto, muitas vezes
desafiador e aventuresco. Este potencial, no entanto, embora bem explorado por
alguns estudantes, não foi plenamente desenvolvido por outros, que apresentaram
contos insípidos, típicos de quem considera a atividade enfadonha e exaustiva.
Com relação à definição de Ficção Científica, a visão dos estudantes é variada: uns
consideram como uma extensão do livro didático, abordando os mesmos temas,
com a mesma linguagem, mas inserida em uma história com personagens; outros
assumem que é um gênero que requer elementos extraordinários, seja especulando
sobre assuntos da Física de fronteira, seja em aventuras exploratórias cheias de
descobertas. Com relação à visão da ciência, os estudantes a valorizam pelo
desenvolvimento tecnológico e a personificam em um cientista, muitas vezes
retratado como estudioso, inteligente e esforçado; porém, excêntrico, triste e
solitário.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALVARENGA, B.; MÁXIMOS, A.. Curso de Física V.1, São Paulo 2010. ASIMOV, I. No mundo da Ficção Científica. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1984.

ASIMOV, I. Para onde vamos? Título original: where do we go from here? São

Paulo: Hermes, 1979.

BENÍTEZ, J. J. Eu, Júlio Verne. Editora: Mercuryo, São Paulo, 1990.

Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. Disponível em: http://bdtd.ibict.br/vufind/. Acesso em: 11 de Jun. de 2019.

BRAKE, Mark et al. Science fiction in the classrom. Physics Education. Jan. de 2003.

BRONOWSIKI, J. O olho visionário: ensaio sobre a arte, literatura e ciências. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998.

BRONOWSKI, J. Ciências e valores humanos. Belo Horizonte: Itatiaria; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1979.

BRONOWSKI, J. Um sentido de futuro. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1997.

CAPES Portal de periódicos da capes. Disponível em: https://www.periodicos.capes.gov.br/. Acesso em: 11 de Jun. De 2019.

DUBCEK, L.W. et. al. Finding Facts in Science Ficction Films. Sci. Teach. Apr. 1993.

FRAKNOI, A. Teaching Astronomy with Science fiction: A Resource Guide. Astronomy Education Review. Jul. de 2002.

GARCEZ, A; DUARTE, R; EISERBERG, Z. Produção e análise de vídeo gravações em pesquisa qualitativas. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.37, n. 2, p.249-262, maio / ago. de 2011.

MARTIN DIAZ, M. J. et al. Science Fiction comes, inta the classrom : Maelstrom II. Phys. Educ. 27, 1992.

MORAES, R. Uma tempestade de luz : A Compreensão Possibilitada Pela Análise Textual Discursiva. Ciências & Educação, V9, N.2 P. 191- 211 2003.

MORAES, R.; GALIAZZI, M. do C. Análise textual discursiva. Revista de Estudos Universitários, Sorocaba, SP, v.34, n.2, p. 157-159, dez. 2008.

MORAES, R.; GALIAZZI, M. do C. Análise Textual Discursiva: Processo Reconstrutivo de Múltiplas Faces. Ciências & Educação, V.12, N.1 P. 117- 128, 2006.

MOREIRA, M. A. Teorias de aprendizagem. São Paulo: E. P. U, 1999.

OLIVEIRA, A. A. Física e Ficção Científica: desvelando mitos culturais em uma educação para liberdade. Dissertação (Mestrado)-Faculdade de Educação, Instituto de Educação, Instituto de Física, Instituto de Química e Instituto de Biociências, São Paulo, 2010.

PIASSI, L. P. A Ficção Científica como elemento da problematização na educação em ciências. Ciências & Educação, Bauru, v.21, n.3 p.783-798, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-73132015000300016&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 11 de Jun. 2019.

PIASSI, L. P. A Ficção Científica e o estranhamento cognitivo no ensino de ciências: estudos críticos e propostas de sala de aula. Ciências & Educação, Bauru, v.19, n.1, p.151-168, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v19n1/11. Acesso em: 11 de Jun. 2019.

PIASSI, L. P. CONTATOS: A Ficção Científica no ensino de ciências em um contexto sócio cultural, 2007. 453 p. Tese (Doutorado) Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

PIASSI, L. P., PIETROCOLA, M. Ficção científica e ensino de ciências: para além do método de 'encontrar erros em filmes'. Educação e Pesquisa, 35(3), 525-540, 2009. ISSN: 1517-9702. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=29812452008. Acesso em: 9 de Junho de 2023.

RIVIÉRI, A. La Psicologia de Vygotski. Madrid: Aprendizaje visor, 1985. SILVA, C. X. Física aula por aula. V. 2. 1ed São Paulo, 2010.

SNYDERS, G. A Alegria na Escola. São Paulo, Manole, 1988.

VIEIRA, I. Vinte mil léguas submarinas. [Adaptado da obra de] Júlio Verne. São Paulo: Escala Educacional, 2005.

VIGOTSKI, L. S. A construção do Pensamento e da Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

Downloads

Publicado

2024-07-02

Como Citar

DE AZAMBUJA, Barbara; KOBATA KIMURA, Rafael. A PRODUÇÃO DE CONTO DE FICÇÃO CIENTÍFICA NO ENSINO DE CIÊNCIAS. Revista do Professor de Física, [S. l.], v. 8, n. 2, p. 21–40, 2024. DOI: 10.26512/rpf.v8i2.52062. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/rpf/article/view/52062. Acesso em: 21 dez. 2024.