A PRODUÇÃO DE CONTO DE FICÇÃO CIENTÍFICA NO ENSINO DE CIÊNCIAS
DOI:
https://doi.org/10.26512/rpf.v8i2.52062Palavras-chave:
Ensino de ciências. Ficção científica. Contos. Hidrostática.Resumo
Este estudo investigou a produção de contos de Ficção Científica como recurso
didático no ensino de ciências. Com o objetivo de tornar as aulas de Física mais
abrangentes, contextualizadas e atraentes, foi planejada uma sequência didática que
abordava o conteúdo de hidrostática, que foi aplicada em uma escola estadual de
educação básica na cidade de Bagé-RS. A sequência didática, baseada na “Alegria
na Escola” de Georges Snyders, incluiu a leitura do livro "Vinte Mil Léguas
Submarinas" de Júlio Verne, apresentações em grupo, um jogo de trilha e
discussões sobre a Física e interpretação da narrativa. Ao final, com base nas ideias
de Jacob Bronowski, foi proposto aos estudantes que produzissem um conto de
Ficção Científica, sendo estes os dados coletados para investigação, foram
analisados à luz da Análise Textual Discursiva. A análise centrou-se em três
questões principais: (1) qual o potencial didático da produção de contos de Ficção
Científica no Ensino de Ciências?; (2) qual a definição implícita de Ficção
Científica que os estudantes tem?; (3) qual a visão que os estudantes têm da
ciência? Como resultado, a produção de contos mostrou ter um grande potencial,
ao fornecer subsídios para os estudantes exercitarem os seus espíritos criativos e
imaginativos, e de compreender a Física dentro de um contexto, muitas vezes
desafiador e aventuresco. Este potencial, no entanto, embora bem explorado por
alguns estudantes, não foi plenamente desenvolvido por outros, que apresentaram
contos insípidos, típicos de quem considera a atividade enfadonha e exaustiva.
Com relação à definição de Ficção Científica, a visão dos estudantes é variada: uns
consideram como uma extensão do livro didático, abordando os mesmos temas,
com a mesma linguagem, mas inserida em uma história com personagens; outros
assumem que é um gênero que requer elementos extraordinários, seja especulando
sobre assuntos da Física de fronteira, seja em aventuras exploratórias cheias de
descobertas. Com relação à visão da ciência, os estudantes a valorizam pelo
desenvolvimento tecnológico e a personificam em um cientista, muitas vezes
retratado como estudioso, inteligente e esforçado; porém, excêntrico, triste e
solitário.
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