INFÂNCIA EM AFROPERSPECTIVA: ARTICULAÇÕES ENTRE SANKOFA, NDAW E TERRIXISTIR

Autores

  • Renato Noguera

DOI:

https://doi.org/10.26512/resafe.vi31.28256

Palavras-chave:

Infância; Afroperspectiva; Sankofa; Ndaw; Terrexistir, Infância, Afroperspectiva, Sankofa, Ndaw, Terrexistir

Resumo

O objetivo deste artigo é examinar a infância ”“ entendida como um modo de vida ”“ dentro de um contexto filosófico afroperspectivista, correlacionando-o com a ideia de sankofa, o conceito de ndaw e a categoria educativa terrixistir.  A partir de uma leitura dos estudos de Cheik Anta Diop, da afrocentricidade, do perspectivismo ameríndio, do quilombismo e diálogos com diversas referências africanas o texto procura sustentar uma hipótese bem simples: a superação da adultidade pode ser feita através da infancialização. Daí, a arquitetura conceitual especulativa subsidiar filosoficamente princípios para uma educação afroperspectivista que proponha uma conexão com a terra como condição de existir.  Daí, a infância emerge como um “milagre” que afasta a existência da adulteração corrupta da adultidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Infância e história: destruição da experiência e origem da história. Belo Horizonte: UFMG/Humanitas, 2005.
ALDAI, Angel; BONI, Tanella (poemas). Exposição fotográfica Géntu Ndaw (Sonhos de Infância) Casa Árabe, Madrid, 23/05/2016 a 17/07/2016.
ARIÉS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2. ed. Tradução de Dora Flaksman. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1981.
ARROYO, Miguel G. “O significado da infância” In Anais do I Simpósio Nacional de Educação Infantil. Brasília, MEC/SEF/DPE/COEDI, 1994.
ASANTE, Molefi. “Afrocentricidade e Educação na senda do progresso: Brasil e EUA”. Tradução Ana Monteiro-Ferreira In CARVALHO, Carlos Roberto; NOGUERA, Renato; SALES, Sandra Regina. Relações Étnico-Raciais e Educação: contextos, práticas e pesquisas. Rio de Janeiro: NAU/EDUR, 2013, pp.23-34.
ASANTE, Molefi Kete. Afrocentricity: the theory of social change. 3rd. ed. Trenton: Africa World, 1988.
ASANTE, Molefi Kete. “Afrocentricidade: notas sobre uma posição disciplinar”. In: NASCIMENTO, Elisa Larkin. Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. São Paulo: Selo Negro, 2009. p. 93-110.
NASCIMENTO, Elisa Larkin; GÁ, Luiz Carlos (org.). Adinkra: sabedoria em símbolos. Rio de Janeiro: Pallas, 2009.
BÂ, Amadou Hampâté. Amkoullel, o menino fula. Tradução Xina Smith de Vasconcellos. São Paulo, Palas Athena/Casa das Áfricas, 2003.
BONI, Tanella. “A dignidade da pessoa humana: da integridade do corpo e da luta para o reconhecimento”. Revista tempo brasileiro, jan-mar. n. 168. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2007.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno. Parecer CNE/CP003/2004. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília-DF; Ministério da Educação; 2004.
BRASIL: MEC. Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico-Raciais. Brasília: MEC/SECAD, 2006.
BROWN, Stuart. Durante toda a nossa vida, devemos brincar. Entrevista Revista Crescer. Disponível em: <http://revistacrescer.globo.com/Brincar-e-preciso/noticia/2015/10/durante-toda-nossa-vida-devemos-brincar.html> . Acesso em: 10 jul. 2016.
BUCKINGHAM, David. After the death of childhood: Growing up in the age of electronic media. Oxford, UK; Malden, MA: Polity Press/Blackwell, 2000.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Cosac Naify, 2002.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Metafísicas Canibais. Tradução Oiara Bonilla. São Paulo: Cosac Naify, 2015.
DAVIS, Angela. Mulheres, cultura e política. Tradução Heci Regina Candiani. São Paulo: Boi Tempo, 2017.
DELGADO, Ana Cristina; MÜLLER, Fernanda. “Abordagens etnográficas nas pesquisas com crianças” In CRUZ, Silvia Helena Vieira. A criança fala, a escuta de crianças em pesquisas. São Paulo: Editora Cortez, 2008.
DIAKITÉ, Baba Wagué. O dom da infância: memórias de um garoto africano. Tradução Marcos Bagno. São Paulo: Edições SM, 2012.
GOMES, Nilma Lino. “Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve discussão” In Educação antirracista: caminhos abertos pela Lei Federal nº 10.639/03. Brasília: MEC/SECAD, 2005. p. 39-62.
GRUBITS, Sonia; DARRAULT-HARRIS, Ivan. “Cultura e sociedade: ouvindo crianças indígenas através da produção artística” In: CRUZ, Silvia Helena Vieira. A criança fala, a escuta de crianças em pesquisas. São Paulo: Editora Cortez, 2008.
JENKS, Chris. Constituting the child. In: JENKS, Chris (Org). The sociology of childhood: Essential readings. London: Batsford, 1982.
JENKINS, Henry. Childhood innocence and other modern myths. In: JENKINS, Henry (org.). The children´s culture reader. New York: New York University Press, 1998.
KOHAN, Walter Omar. Infância. Entre a Educação e a Filosofia. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
KOHAN, Walter. Infância, estrangeiridade e ignorância: ensaios de filosofia e educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
KOHAN, Walter. “Vida e Morte da Infância, entre o humano e o inumano” In Educ. Real., Porto Alegre, v. 35, n. 3, p. 125-138, set./dez., 2010, p.125-137.
KOHAN, Walter. “Visões de filosofia: infância” In: ALEA, Rio de Janeiro. Vol. 17/2, p. 216-226, jul-dez 2015.
KI-ZERBO, Joseph (Org.). História Geral da África. Volumes I, II, III, IV. São Paulo: Ática/ Unesco, 1982.
MARTINS, Cristiane; CRUZ, Silvia Helena. “Sob o olhar infantil: o conceito de criança na perspectiva da criança” In CRUZ, Silvia Helena Vieira. A criança fala, a escuta de crianças em pesquisas. São Paulo: Editora Cortez, 2008.
MBEMBE, Achille. Formas Africanas de Auto-inscrição. Tradução de Patrícia Farias. Estudos Afro-Asiáticos, Ano 23, nº 1, 2001.
___________. Necropolítica. Madrid: Editorial Melusina, 2011.
___________. Crítica da Razão Negra. Tradução de Marta Lança. Lisboa: Ed. Antígona, 2014.
M’BOKOLO, Elikia. África negra: história e civilizações. Salvador/São Paulo: EDUFBA/Casa das Áfricas, 2009. Tomo I (Até o século XVIII).
___________, Elikia. África negra: história e civilizações. Salvador/São Paulo: EDUFBA/Casa das Áfricas, 2011. Tomo II (Do século XIX aos nossos dias).
MOORE, Carlos. Racismo & Sociedade: novas bases epistemológicas para compreensão do racismo na história. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007.

_______, Carlos. A África que incomoda: sobre a problematização do legado africano no quotidiano brasileiro. 2ª edição (Revista e ampliada). Belo Horizonte: Nandyala, 2010.
NASCIMENTO, Abdias. O quilombismo: os documentos de uma militância pan-africanista. Petrópolis: Vozes, 1980.
NASCIMENTO, Elisa Larkin (org.). Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro, 2009.
NASCIMENTO, Elisa Larkin. A matriz africana no mundo. São Paulo: Selo Negro, 2008.
NOGUERA, Renato. “Denegrindo a filosofia: o pensamento como coreografia de conceitos afroperspectivistas”. In Griot ”“ Revista de Filosofia, Amargosa, Bahia ”“ Brasil, v.4, n.2, dezembro/2011, pp. 1-19.
NOGUERA, Renato. “Kiriku: heterônimo da infância como experiência e da experiência da infância” In Anais do Congresso de Estudos da Infância. ”“ Rio de Janeiro, 2017a, pp.363-370.
NOGUERA, Renato. “Pinóquio e Kiriku: infância(s) e educação nas filosofias de Kant e Ramose” In Revista AÚ, ano 02, 2017b, pp.5-18.
NOGUERA, Renato. Ensino de Filosofia e Lei 10639. Rio de Janeiro: Pallas/Fundação Biblioteca Nacional, 2014.
OLIVEIRA, Eduardo. Cosmovisão Africana no Brasil: elementos para uma filosofia afrodescendente. Curitiba: Gráfica e Editora Popular, 2006.
_____. A ancestralidade na Encruzilhada. Curitiba: Gráfica Popular, 2007.
OYEWUMI, Oyeronke. The Invention of Women: Making an African Sense of Western Gender Discourses. Minneapolis, MN: University of Minnesota Press, 1997.
PLATÃO. As leis, ou da legislação e epinomias. Tradução: Edson Bini. 2. ed. Bauru-SP: Edipro, 2010.
PTAHHOTEP. “Ensinamentos de Ptahhotep”. ARAÚJO, Emanuel. Escrito para a eternidade: a literatura no Egito faraônico. Brasília: Editora da Universidade de Brasília: São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, p. 244-259, 2000.
QUIJANO, Aníbal. “Colonialidade do poder e classificação social”. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENEZES, Maria Paula (Org.). Epistemologia do Sul. Coimbra: Almedina, 2009, p. 73-118.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou da Educação. Trad. Sérgio Milliet. 3. ed. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
SANTOMÉ, Jurjo Torres. “As culturas negadas e silenciadas no currículo. In: SILVA, Tomaz Tadeu. (Org.) Alienígenas na sala de aula: uma introdução
aos estudos culturais em educação. 8.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
SANTOS, Sales Augusto dos. “A lei nº 10639/03 como fruto da luta antirracista do Movimento Negro”. In: Educação antirracista: caminhos abertos pela Lei Federal nº 10639/03. Brasília: MEC, 2005.
SILVA, Wallace Lopes (org). Sambo, logo penso: afroperspectivas filosóficas para pensar o samba. Rio de Janeiro: Héxis Editora/Fundação Biblioteca Nacional, 2015.
SIROTA, Régine. “Emergência de uma sociologia da infância: evolução do objeto e do olhar”, Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 112, p. 7-31, mar. 2001.
SOLON, Lilian; COSTA, Nina; ROSSETTI-FERREIRA, Maria Clotilde. “Conversando com crianças” In CRUZ, Silvia Helena Vieira. A criança fala, a escuta de crianças em pesquisas. São Paulo: Editora Cortez, 2008.
SOUSA, Sônia M. Gomes. “O estudo da infância como revelador e desvelador da dialética exclusão-inclusão social” In CRUZ, Silvia Helena Vieira. A criança fala, a escuta de crianças em pesquisas. São Paulo: Editora Cortez, 2008.
SOUZA, Solange; CASTRO, Lucia. “Pesquisando com crianças: subjetividade infantil, dialogismo e gênero discursivo” In CRUZ, Silvia Helena Vieira. A criança fala, a escuta de crianças em pesquisas. São Paulo: Editora Cortez, 2008.

Downloads

Publicado

2019-11-17

Como Citar

Noguera, R. (2019). INFÂNCIA EM AFROPERSPECTIVA: ARTICULAÇÕES ENTRE SANKOFA, NDAW E TERRIXISTIR. Revista Sul-Americana De Filosofia E Educação (RESAFE), (31), 53–70. https://doi.org/10.26512/resafe.vi31.28256

Edição

Seção

Dossiê: "Educação, Filosofia e Afrocentricidade"