O Quarto de Carolina
O gênero, a moradia e os direitos sociais em Quarto de Despejo
DOI:
https://doi.org/10.21057/10.21057/repamv15n1.2021.37044Palavras-chave:
Gênero; Produção Social do Espaço; Direitos; Interseccionalidade.Resumo
A etnografia urbana, feita em linguagem informal por uma moradora de favela, traz os contornos verbais do pensamento de quem sofreu as marcas da segregação social, da aporofobia, do racismo e da misoginia. A obra Quarto de Despejo, escrita no formato de diário, suscita o entrelaçamento dos temas gênero e moradia, permitindo identificar a interseccionalidade de gênero, raça e classe na produção social do espaço. Anterior a formulação do escopo teórico feminista sobre lutas contra as desigualdades, Carolina emerge da pobreza, alheia ao meio acadêmico, identifica questões sociais pertinentes e produz arquétipos que permitem o confrontamento com as teorias postuladas posteriormente. Mais de meio século após a sua primeira publicação ainda é possível ver na prática como esses temas continuam enovelados e sem o enfrentamento adequado, acrescentando-se outros componentes. Deste modo, utilizando o método revisão de literatura e centrado numa compreensão histórico-descritivo, as considerações apresentadas versam sobre as teorias de gênero, cabível de debate pela perspectiva dos direitos sociais e das políticas públicas produzidas, cotejando a obra literária e a perspectiva sociológica.
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