Nèg Blanc sa a (Aquela negra branca) ”“ desafiando as categorias de cor, nacionalidade e pertença a partir de um olhar afro-brasileiro sobre o Haiti

Autores

  • Renata de Melo Rosa Coordenadora do curso de Relações Internacionais do UniCEUB.

Resumo

Resumo

 Este artigo tem como objetivo analisar a centralidade da categoria de pessoa no Haiti contemporâneo, a qual se funda a partir dos sentidos contextuais atribuídos à noção de nèg, (que em tradução livre para o português pode ser entendida como “negro/a”) que antecede e funda, ao mesmo tempo, a categoria de pessoa. No entanto, mesmo que a categoria de pessoa no Haiti se ancore em uma nomenclatura “racial”, nèg não é uma categoria necessariamente atrelada à cor da pele, mas à qualidade da pertença de cada sujeito à nação haitiana. Identificar-se e ser identificado como um “nèg” atualiza, no processo identitário e no diálogo inter-subjetivo, diacríticos importantes, cujos sentidos são dados coletiva e contextualmente na rede de significados tecidas no contexto haitiano. Assim, pela natureza contextual e por sua constante dinâmica, é possível que uma “pessoa” que, aos olhos ocidentais, possa se assemelhar com o que nós entendemos como um/a “negro/a” no Brasil, no Haiti esta mesma “pessoa” pode não estar imediatamente identificada como um nèg ou como uma pessoa que  “pertença” ao Haiti. Em outras palavras, é preciso que cada nèg (para continuar sendo nèg e, portanto, “pessoa”) atualize, de acordo com os contornos da cultura haitiana que inscrevem um nèg, as diversas obrigações rituais de pertença a esta categoria. Vista desta perspectiva, a categoria nèg pode ser ritualizada por um (a) haitiano (a) branco (a), desde que os rituais de pertença à nação também sejam atualizados, tornando o sujeito em um (a) Nég Blanc (negro branco), expressão que dá título a este artigo. Por último, esta reflexão propõe que a categoria nèg como sinônimo da categoria de pessoa é uma contra narrativa às tentativas de inferiorização racial vigentes no período colonial francês.

Palavras chave: nèg; noção de pessoa; Haiti; nação, categorias de cor.

Nèg Blanc sa a (Aquella negra blanca) desafiando las categorias de color, nacionalidad y sentirse parte desde una mirada afro-brasileña sobre Haiti.

Resumen

Este artículo tiene como objetivo analizar la centralidad de la categoría de persona en Haití contemporánea, que se basa a partir de los significados contextuales atribuidos a la noción de nèg (que en traducción libre al portugués puede ser entendido como "negro / a") que precede y establece al mismo tiempo, una categoría. Sin embargo, incluso si la categoría de persona en Haití ancla en una nomenclatura "racial", nèg no está necesariamente ligada a la categoría de color de la piel, pero la calidad del pertencimiento de cada sujeto a  la nación haitiana. Identificar a sí y ser identificado como un "nég" actualiza, en el proceso de identificación y en el diálogo inter-subjetivo, diacríticos importantes, cuyos sentidos se dan colectiva y contextualmente en la red de significados tejidas en el contexto de Haití. Por lo tanto, el contexto y por su naturaleza dinámica constante, es posible que una "persona" que, a los ojos de Occidente, puede ser similar a lo que entendemos por un  “negro" en Brasil, en Haití la misma "persona "no puedo ser identificado inmediatamente como un nég o como una persona que" pertenece "a Haití. En otras palabras, es necesario que cada nèg actualize las diversas obligaciones rituales de pertenecer a esta categoría. Visto desde esta perspectiva la categoría Neg puede ser ritualizada por un haitiano blanco, transformando el sujeto en un neg Blanc (negro blanco), una expresión que da título a este artículo. Por último, esta reflexión sugiere que la categoría Neg como sinónimo de la categoría de persona es una narración en contra de los intentos de inferioridad racial en vigor en el período colonial francés.

Palavras clave: nèg; persona, Haiti; nación, categorias de color. 

Nèg Blanc sa a (Aquela negra branca) ”“ Challenging the categories colour, nationality and belonging from an afro-Brazilian perspective on Haiti.

Abstract

This article aims to analyze the centrality of the category of person in contemporary Haiti, which derives from contextual meanings attributed to the notion of nèg (which can be translated as "negro/a" into Portuguese) that precedes and at the same time establishes the category of person. However, even if the person category in Haiti is anchored in a "racial" nomenclature, nèg is not necessarily linked to the color of skin, but to the quality of membership to the Haitian nation. Identifying and being identified as a "neg" updates important diacritics in the identity process and inter-subjective dialogue, whose senses are transmitted collectively and contextually in the network of meanings interwoven in the Haitian context. Thus, due to the context and its constant dynamic nature, it is possible that a "person" that, to Western eyes, may be similar to what we understand as "black" in Brazil, in Haiti the same "person cannot be immediately identified as a nèg or as a person who" belongs "to Haiti. In other words, it is necessary that each nèg (to remain nèg and therefore a "person") updates, according to the contours of the Haitian culture that inscribe a nèg, the various ritual obligations of belonging to this category. Seen from this perspective the nèg category can be ritualized by a white Haitian, given that the rituals of belonging to the nation are also updated, making the subject in a Nég Blanc, expression that gives title to this paper. Finally, this reflection suggests that the nèg category as synonym with the person category is a narrative against the attempts of racial inferiorization during the French colonial period.
Keywords: nèg; notion of person; Haiti; nation; color categories.

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Publicado

2016-11-17

Como Citar

Rosa, R. de M. (2016). Nèg Blanc sa a (Aquela negra branca) ”“ desafiando as categorias de cor, nacionalidade e pertença a partir de um olhar afro-brasileiro sobre o Haiti. Revista De Estudos E Pesquisas Sobre As Américas, 10(2). Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/repam/article/view/14880

Edição

Seção

Dossiê: Arranjos Sociais, Mediações e Sentidos de Justiça